30 de maio de 2012

VI Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita (ELFE)

A Faculdade de Letras (Fale) e o Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística (PPGLL) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) promovem o VI Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita. O evento será realizado no Campus A. C. Simões, em Maceió, nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2012.

O Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita (ELFE) é um evento de natureza acadêmico-científico que busca reunir pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, assim como outros profissionais de áreas afins, com o propósito de contribuir com a socialização dos trabalhos e aprofundar o diálogo sobre as questões da língua falada e escrita sob diversas perspectivas teóricas.

Nesta edição o ELFE promoverá espaços de discussão e reflexão sobre a importância dos estudos da linguagem, além de comemorar o aniversário dos 60 anos do Curso de Letras da UFAL, oportunizando um momento de celebração e, ao mesmo tempo, reflexão sobre as históricas e plurais inquietações sobre a língua(gem).

Informações mais detalhadas podem ser acessadas na 1º Circular disponível no link: http://www.elfefale.com/circular.

28 de maio de 2012

Novo Processo Seletivo CEEL UFPE

Recife, 28 de maio de 2012

Objetivo:


Selecionar equipe para atuar como apoio técnico e apoio administrativo em Programa de Formação de Professores

Inscrições:


• 28 a 31 de maio, no CEEL (1º andar do Centro de Educação da UFPE), das 10h00 às 18h00.
• Documentos: fotocópia da Identidade, CPF, currículo comprovado. Se for estudante da UFPE, deve entregar histórico escolar.

Fases da seleção:


• Currículo
• Prova: produção de um texto sobre alfabetização ou sobre formação do leitor

Requisitos:


• Ser graduado em Pedagogia, Letras, Psicologia ou biblioteconomia ou estar cursando Pedagogia, Letras, Psicologia ou biblioteconomia na UFPE ou UFRPE
• Ter disponibilidade de seis horas diárias (segunda-feira a sexta-feira)

Informações adicionais:


• Período de trabalho: 6 meses, a partir do dia 07/06
• Total de vagas: 10 (5 vagas para o turno da manhã e 5 vagas para o turno da tarde).

Cronograma de seleção:


• Inscrições: 28 a 31 de maio
• Prova: 01 de junho (no CEEL, às 10h00)
• Resultados: 06/06

18 de maio de 2012

PROCESSO SELETIVO CEEL UFPE

Objetivo

Selecionar professores da Educação Básica para participar de produção de material a ser utilizado em programa de formação de professores alfabetizadores.

Inscrições

  •     21 e 22 de maio, no CEEL (1º andar do Centro de Educação da UFPE), das 10h às 18h
  •     Documentos: fotocópia da Identidade, CPF e currículo comprovado

Fases da seleção

  • Currículo
  • Prova: escrita de um relato de aula, sequência didática ou projeto didático

Requisitos

  • Ser professor em exercício nos anos1, 2 ou 3 do Ensino Fundamental em escola pública
  • Ter concluído curso superior
  • Ter participado nos últimos cinco anos de alguma formação continuada na área de alfabetização
  • Autorizar que sua sala de aula seja campo de observação
  • Ter disponibilidade para participar de reuniões na UFPE (terça ou quarta, 19h00 às 22h00)

Cronograma de seleção

  • Inscrições: 21 e 22 de maio
  • Prova: 23 de maio (no CEEL, às 10h00)
  • Resultados: 24/05
  • Quantidade de vagas: 04

Link: http://www.ceelufpe.com.br/ceel-edital.html


11 de maio de 2012

Depoimentos dos participantes do projeto “Nas ondas da leitura: a literatura na escola”

Texto republicado do Blog de Roberto de Queiroz
Estes relatos, que tratam das memórias da iniciação ao aprendizado da leitura, das coordenadoras e coordenadores pedagógicos das escolas municipais de Ipojuca, constituem o marco inicial da trajetória do projeto de formação de mediadores de leitura, intitulado: Nas ondas da leitura: a literatura na escola, coordenado pelo CEEL (Centro de Estudos em Educação e Linguagem – UFPE) com apoio do ICC (Instituto Camargo Correia). Tais relatos vieram à tona no primeiro dia da formação, em 03.03.2011, durante o momento da apresentação do grupo, quando foi solicitado que os participantes acrescentassem aos seus dados de identificação, lembranças relevantes sobre como se deu a introdução de cada um ou de cada uma no mundo da leitura. Os relatos transcritos aqui foram, portanto, produzidos inicialmente na modalidade oral, sendo depois escritos pelos participantes.

Entre os aspectos que chamaram a atenção no conjunto dos relatos, destaca-se a importância atribuída à mãe, em primeiro lugar e, em seguida, ao pai, como os agentes que mais se empenharam na tarefa de conduzir os filhos para este aprendizado. É grande o reconhecimento do quanto o papel dessas pessoas foi determinante, seja na atitude de matricular os filhos na escola; seja acompanhando as tarefas de casa; seja ensinando as primeiras letras na carta do ABC; ou comprando livros de literatura e contando histórias para os filhos. Constatou-se em alguns casos, pais, mães ou avós que eram adeptos da tradição de contar histórias para os filhos e outras crianças, à noite, nas calçadas das cidades ou povoados do interior. Esses momentos, comumente, incluíam a leitura ou o relato das histórias da Bíblia.
As professoras também foram frequentemente lembradas nos relatos apresentados a seguir. Explicando como as educadoras faziam para incentivar nos alunos o gosto pela leitura, os depoimentos afirmam que elas costumavam apresentar os livros antes de ler as histórias; incentivavam a leitura em voz alta; faziam dramatizações; orientavam a criação de histórias a partir das imagens ou sugeriam que recriassem as histórias, interferindo e modificando o enredo. Os depoimentos, portanto, confirmam a importância de mediadores que despertem em nós o gosto pela leitura, apresentem os livros e compartilhem sua paixão por certos autores e títulos. Vamos, então, aos relatos!

TURMA DA MANHÃ


1. Simone Maria da Silva
Souza Lembro-me, como se fosse hoje, os ensinamentos dados pela minha mãe. Mesmo sendo uma pessoa analfabeta, era riquíssima em conhecimento da vida. Ela foi, é, e sempre será a minha musa inspiradora, pois foi ela quem me incentivou a entrar no mundo da leitura, dando-me oportunidade de ser alfabetizada mesmo antes de entrar na escola. Como é gostoso voltar no tempo e vê o quanto a leitura me fez tão bem! Recordo-me também que os patrões da minha mãe constantemente compravam gibis para mim, dando oportunidade de adentrar nessa descoberta. Um dos livros que marcou a minha infância foi O patinho feio, que tanto amava ler. Hoje me considero uma pessoa apaixonada pela leitura.

2. Rita de Cássia Leite dos Santos
Fui para a escola muito cedo para a época – aos cinco anos -, pois minha mãe trabalhava e me deixava com sua amiga, que é professora, numa escola, no horário da manhã. Assim iniciei como ouvinte e fui bem recebida. Não me lembro do momento certo que aprendi a ler e escrever, porém acredito que esse processo aconteceu num clima de muita afetividade, pois me fica o sentimento de alegria e segurança ao recordar essa época. Segundo a minha mãe, isso aconteceu entre 6 e 7 anos. Ela sempre me despertava a curiosidade, me mostrando os livros com imagens e figuras grandes, bem coloridas. Hoje em dia, só leio literaturas relacionadas ao meu trabalho e estudo. Não tenho o hábito de ler para deleite, pois o tempo é pouco. Acredito que a leitura contextualizada é muito mais prazerosa e significativa. A minha história de vida com a leitura foi promovida com afetividade, carinho e com muita alegria, por isso tenho certeza que foi um dos principais motivos para começar a ler e escrever tão cedo.

3. Lucidalva Maria Valentim
Eu sou filha de uma professora com pai analfabeto. Quando era criança, morava no engenho e aprendi a ler aos nove anos de idade. Lembro-me que aprendi a ler as primeiras palavras com minha professora Elpídia, hoje falecida. Quando comecei a ler e entender o que lia, não parei mais. Lia tudo que via ao meu redor. Naquele momento de descoberta, também passei a escrever meus bilhetes para minha mãe que tinha muito orgulho e mostrava meus bilhetes para seus alunos. No início, eu lia gibis, clássicos infantis, textos de livros didáticos, revistas e fotonovelas e também gostava de desenhar e escrever a história dos desenhos. Na visão que tenho hoje, quem faz da leitura um hábito tem bom argumento e escreve sem cometer tantos erros ortográficos. Por isso a leitura me faz crescer a cada dia.

4. Elizabete da S. Medeiros Oliveira
Aos 5 anos de idade senti vontade de aprender a ler e não tinha condições de ir para escola. Meu pai teve o interesse de ensinar seus filhos a ler e escrever. Quando completei sete anos, minha mãe fez minha matricula na alfabetização em uma escola da rede municipal, daí quando a professora fez a sondagem observou que eu tinha condições de ficar na 1ª série. Eu lia muito gibi, Sabrina e fotonovela em casa com meu pai. Hoje trabalho na Educação Especial e peço muito para os professores trabalhar a leitura de imagem com seus alunos, pois eu gosto muito de leitura de imagem. Faz lembrar quando eu era criança e pegava alguns livros com gravuras e começava a fazer minhas histórias.

5. Maria Amélia dos Santos
Quando eu via crianças irem para a escola eu sentia vontade de estudar, às vezes até chorava. Quando completei sete anos, minha mãe falou com a professora: – minha filha quer estudar. A professora falou: – mande ela vir na parte da manhã e traga um tamborete para ela sentar. A sala de aula era na casa da professora e quando cheguei naquele ambiente, fiquei atenta a tudo: a jarra para tomar água; o lugar de fazer pipi atrás do matagal; o quadro para escrever. Comecei a aprender na cartilha do ABC, decorando tanto o alfabeto quanto as sílabas e até os versinhos que ficava no final. Eu ficava sempre relembrando e quando esquecia, perguntava para as minhas tias, pois meus pais eram analfabetos. Com seis meses de aula, já sabia juntar as sílabas formando pequenas palavras e depois as frases. Eu não lembro se a professora contava historias ou fazia leitura para nós, pois era sala multisseriada. Só me lembro das brincadeiras com as coleguinhas como: passarai; dança da carrocinha; margarida, rica, rica; pular corda, jogar pedrinhas; esconde-esconde, que a gente brincava no recreio. Lembro-me também das festas de quebra panela no final do ano e do meu primeiro desfile no dia sete de setembro. No outro ano eu já passei a estudar na 2ª série foi quando ganhei o meu primeiro livro chamado Nordeste. Eu gostei tanto do livro! Tinha o maior zelo pelo companheiro de todos os dias eu guardei-o por muitos anos. Durante minha infância eu gostava muito de ouvir histórias, adivinhações, trava línguas, advérbios e poesias. Aprendia e depois contava para os meus amiguinhos. No sítio da vovó tinha uma casa de farinha eu sempre ia pra lá. Quando o Sr. Severino Honorato ia fazer farinha, eu ia ajudar raspar a mandioca para ouvir ele contar histórias de princesas, fadas e comadre fulozinha. Para mim aquele era um momento mágico e eu ficava viajando com aquelas aventuras. Na comunidade também tinham os coco de roda, onde eu ouvia e aprendia versos, geralmente durante as festas juninas. Os violeiros se juntavam para criar tantos versos que e ficava admirada com aquela sabedoria. A literatura de cordel era passando de mãos em mãos, quem não lia ouvia, aquilo era uma felicidade.

6. Roberto de Queiroz
Aprendi a ler por meio da Cartilha do ABC. A princípio, meu pai me ajudava, ensinando-me o alfabeto. Depois, minha mãe me colocou para ter aulas particulares com uma pessoa que ministrava aulas em sua residência. Detalhe: a pessoa não era formada na área, ou seja, não possuía qualificação estabelecida por lei para esse fim. Mas eu aprendi. E muito rápido. Desse modo, quando entrei na escola eu já sabia ler e escrever. Entrei fora de faixa, com oito anos. A idade para ingressar na 1ª série na época era sete anos. E, na escola, o primeiro livro que com que tive contato foi Brincando com as palavras, de Joaninha de Souza. Nesse livro, um texto me chamou atenção em particular: Artes do Zezé, um excerto do livro Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos. A partir daí, passei a ter contato com outros livros didáticos e a observar /analisar textos de outros autores. Esses livros didáticos me proporcionaram contato com textos de autores como Drummond, Vinicius, Cecília Meireles e Cabral, entre outros. De modo que, durante minha infância e adolescência, todo o contato que eu tive com os textos literários, se resumia aos livros didáticos. Já na fase adulta, tive a oportunidade de ler Meu pé de laranja lima e O Pequeno Príncipe, ambos presentes de um ex-chefe. Hoje eu compro meus próprios livros.

7. Vandilma Barros de Jesus
Sempre tive uma ligação muito forte com a leitura. Desde cinco anos de idade fui à escola, lá aprendi as primeiras letras, aprendi juntar as letrinhas por fim aprendi a ler. Depois dessa descoberta, vi nas historias em quadrinhos (gibis) coisas alegres, engraçadas e tristes. Nas revistas de fotonovelas, vi os primeiros beijos. Depois, nas Julias, Sabrinas e Biancas, descobri as belas histórias de amor. Por mim, graças a Deus, sempre passaram professores comprometidos com o saber do educando, tornando assim os adultos leitores. Hoje adulta, sou professora de literatura! Leio e ensino aos meus alunos como a leitura ajuda a crescer e orienta o ser humano a ter uma vida melhor. Digo sempre: “Quem não lê é limitado”. Gosto da leitura porque A leitura me encanta A leitura me fascina Na leitura me encontro Na leitura me emociono Na leitura me realizo Por fim pela leitura Sou apaixonada.

8. Elizângela Ximenes de Albuquerque
Tomei gosto pela leitura aos 09 anos quando estudava na 4ª série com a professora Telma Lúcia. Ela incentivava a leitura através de livros de literatura onde líamos e organizávamos as equipes para dramatizar as histórias lidas nos livros. Cada um ficava com um ou mais personagens. Era maravilhoso, muito gostoso! Foi um momento inesquecível da minha vida!

9. Ana Célia Feitoza Guimarães
Começo tentando resgatar os momentos iniciais de minha vida leitora. Tento e só me vem à memória os gibis que ganhava de meus pais: Bolota e Luluzinha. Nem sabia ler os balões, mas lia as imagens e observava as letras, tentava entendê-las. No final, acho que conseguia compreender a história, isso lembro bem. Outro momento foi às vezes que acompanhava minha irmã em suas tarefas de casa. Ela já ia para a escola e todo dia ficava na mesa com seus cadernos e livros. Eu sentava do seu lado e observava as letras, iguais as dos meus gibis. Eu fazia perguntas sobre as letras e ela ia respondendo e explicando. Assim fui aprendendo a ler, em casa mesmo. Quando cheguei à escola, para surpresa de meus pais e da professora, eu já lia. Como no início, a curiosidade, a vontade de aprender e a descoberta, são os elementos que fazem parte da minha história de leitura.


10. Ana Lúcia de Almeida Oliveira
Foi muito interessante recordar como comecei a ler, pois nunca tinha feito essa retrospectiva na minha vida. Recordei a minha chegada à escola aos sete anos. Não foi difícil me adaptar, pois estudavam na mesma sala de aula, algumas colegas que moravam na mesma rua que eu. A professora era muito rigorosa, não sei como, eu e as minhas colegas a conquistamos, e dávamos pra ela toda assistência que precisava. Ela tomava a lição dos alunos todos os dias sempre no final da aula. Eu era muito tímida e com jeitinho, pedia para ficar por último. Nunca dava tempo e eu ficava para o dia seguinte. Então, já sabendo qual era a lição, pedia para minha mãe me ajudar em casa. No dia seguinte, quando a professora tomava minha lição, eu já lia e não soletrava, pois além do medo da professora, minha mãe já tinha lido muito comigo em casa. Lembro também que meu pai comprou uma máquina de datilografia e deixava a gente mexer, procurando as letras do nosso nome. Isto também nos ajudou muito.

11. Marly Maria Duarte
Recordo-me, aos seis anos de idade, da minha mãe, sempre lendo várias revistas de fotonovelas. Quando ela se ocupava em alguns outros afazeres domésticos, eu pegava aquelas revistas, começava a folhear e ficava encantada com as figuras. Aos sete anos, fui matriculada na Escola Domingos Sávio no Jardim da Infância e lá, também, minha professora gostava muito de ler os grandes clássicos da literatura infantil como: Rapunzel, Cinderela e Branca de Neve. Para mim aquele era um momento mágico! Eu amava aquelas histórias porque tinha sempre um final feliz. Com 8 anos, fui para a 1ª série e lá continuei aprendendo a ler. Foi maravilhoso porque a partir daí eu já lia os textos dos livros didáticos e um poema de Vinicius de Moraes – A Foca -, me marcou bastante. A professora incentivava, pedindo muito que os alunos lessem em voz alta e eu queria fazer bonito para minha professora e meus amigos da época. Tempos depois, nas séries maiores, comecei a ler alguns livros para fazer trabalhos escolares, por exigência dos professores de português. Li A moreninha e outros. Na verdade eu sempre fui bastante curiosa com os números e me empolgava com os cálculos de matemática. A curiosidade de ler foi ficando um pouco para trás. Hoje gosto bastante de ler. Uma vez ou outra estou lendo, mas o corre- corre do dia-a-dia não me deixa começar e terminar de ler os livros que seleciono e deixo no criado mudo do meu quarto. Sempre começo e na maioria das vezes fica pela metade.

12. Rosileide Ramos da Silva (Rosa)
Desde muito cedo, sentia um desejo muito grande que ardia como chama no meu coração. Que desejo era esse? Comecei a inquietar-me, pois este grande desejo só aumentava mais e mais. Quando fui inserida na escola, percebi que este desejo era a leitura que afluía dentro de mim. Ao ver a minha colega lendo, isto despertou ainda mais este grande desejo, então comecei com as primeiras letras e até hoje não consigo parar de ler. Embora não tendo a oportunidade de crescer no ambiente letrado, meus pais me incentivaram a ler e escrever. Quando cursei a 5ª. série, agora chamada de 6º ano, encontrei uma professora maravilhosa que me ensinou Língua Portuguesa, como era chamada na época. Ela sempre mandava comprar os livros de literatura tais como: Tronco do Ipê, A moreninha, Homero homem, Meu pé de laranja lima, Senhora. Em seguida, pedia para preenchermos uma ficha que acompanhava o livro, Eu tinha uma irmã e um irmão que cursavam a mesma série que eu e não gostavam de ler. Então eu lia o meu e os deles, o que me ajudou ainda mais a gostar da leitura. Eu gosto de ler, principalmente a Bíblia! Já li umas 7 vezes e continuo lendo até hoje! Sei que a leitura faz parte de minha vida. Sabemos que ler é viajar! Ler é viver!

13. Ana Paula de Almeida
Tenho poucas lembranças, uma delas, é um relato da minha mãe dizendo: – Quando você entrou na escola, tinha 7 anos de idade e iria cursar a 1ª série, pois nunca tinha ido à escola, mas já sabia ler. Foi então que o diretor da escola resolveu fazer um teste e percebeu que eu estava apta. Lembro, que, tinha um pequeno dom, de traçar pequenas figuras, rabiscando a parede da minha casa. Assim copiava o que via na minha frente como: figuras infantis e palavras. Tenho guardado em minha memória, o nome de uma marca de eletro doméstico, um ventilador, de marca BRITANIA, que escrevi na parede. No entanto, acho que a minha aprendizagem, foi muito mecânica. E quando cheguei à faculdade, percebi a gravidade do problema, pois não estava totalmente letrada. Acredito que o método de incentivo à leitura não era adequado. Os professores da época utilizavam métodos de aprendizagem mecânicos e não significativos. Como era uma criança curiosa, gostava de ler o que via, aperfeiçoando a escrita. Assim os meus erros eram poucos no processo de leitura e escrita das palavras. Mas a minha dificuldade maior era de interpretar o que lia. Eu tinha uma excelente em memória e por isso decorava com facilidade, mas sinto que tinha alguns bloqueios de raciocínio, o que atribuo ao tradicionalismo dos professores e à falta de estímulo dos pais. Hoje como adulta percebo a ignorância da época, de não letrar os alunos e sim fazer com que eles apenas escrevessem e lessem de forma mecânica, sem lapidá-los para formar cidadãos críticos.

14. Ana Cristina S. R. Cavalcanti
Quando comecei a ir para a escola já sabia ler e enfatizo o que me marcou: tinha uma boa leitura, gostava de historinhas de gibis com a turma da Mônica e também dos livros que minha mãe comprava aos vendedores que passavam na rua: coleções e enciclopédias. Gostava de olhar as ilustrações, os desenhos, as cores e as fotos. Eu estudava numa escola do sítio em turma multisseriada, onde existia muitas árvores, frutos, diversas frutas, árvores centenárias. A professora valorizava a relação com o concreto e as aulas eram ministradas ao ar livre. Durante 3 vezes na semana, a professora utilizava as folhas, os galhos, as frutas. Frutas verdes, maduras, as sementes e os grãos. E daí fazia leitura de palavras, frases, pequenos textos, ditados, contava histórias. Estas lembranças ficaram bem marcadas, da minha época de adolescência. Depois, passei a trabalhar como professora, dando aula de reforço em minha residência. Passei em um concurso e fui lecionar em um local distante, onde ficava durante a semana. Continuo trabalhando hoje com a educação do campo, pois é onde está a raiz de tudo: a diversidade da aprendizagem, a fauna, a flora. Trabalhar a educação partir do concreto é muito importante para a nossa vida, de mediadores que somos, multiplicadores de sonhos, de beleza, de iluminismos, estrelas…

15. Silvia Helena Vasconcelos da Silva
Eu aprendi a ler na escola aos 7 anos de idade. Apesar de meus pais serem letrados não me transmitiram esse conhecimento antes da escola. Chorava bastante para não ir à escola; eu queria mesmo era ficar em casa. Nunca tive muito contato com os livros, apenas fazia as tarefas. Minha professora também não contribuiu, ela não lia para nós. Mesmo assim, apesar de não ter essa relação intima com os livros, hoje eu não consigo ver um professor numa sala de aula sem sentir prazer pela leitura. Ele não pode transmitir ensinamentos a seus alunos sem antes ler, pesquisar e estudar. A leitura está presente em nossas vidas, nos leva a lugares incríveis e nos traz sabedoria para toda vida.

16. Marluce Maria da Silva Araújo
Sempre gostei muito de ler, mesmo com as dificuldades da época de criança. Na adolescência, gostava bastante de ler romance da época como Sabrina, Júlia, e revistas. O primeiro livro que pedi a meus pais de presente foi A Bíblia Sagrada que guardo até hoje. Lembro também de muitas noites para estudar para o vestibular, onde eu colocava os pés em uma bacia com água para ficar acordada e meu pai sempre vinha reclamar e me mandava dormir. Tinha meu diário e fazia registro, todas as noites, dos acontecimentos do dia. Meus pais não tiveram muito estudo. Eles estudaram até a 2ª série, porém, sempre incentivavam as 05 filhas a estudarem. Tanto é que das 05 filhas, 04 fizeram Licenciatura ou Magistério. Devo tudo que sou hoje como leitora aos meus pais.

17. Elizângela Alves Pinheiro
Lembro-me quando criança, sentada ao lado dos meus pais. Meu pai me presenteou com uma coleção: O Reino Encantado e nesta coleção acompanhava os discos de histórias infantis: – Chapeuzinho Vermelho; – Branca de Neve; – O soldadinho de chumbo; – Os três porquinhos Ele gostava de colocar os discos para que eu escutasse e depois me mostrava o livro, recontando a história, enquanto eu observava as figuras. Na escola, minha professora, tia Socorro, também contava as histórias. Eu gostava por que ela contava e dramatizava Chapeuzinho Vermelho assustada quando foi a casa da vovó e a viu diferente. Pra mim, meu pai foi a pessoa mais importante, seguido da minha mãe, na dedicação com que me incentivaram a gostar da leitura.

18. Célia Cristina Silva Damascena
Aos 07 anos fui para escola, foi um momento maravilhoso onde descobri o despertar pelas letras. Aprendi a ler e escrever. Tive como maior inspiração minha mãe que sempre me presenteava com livrinhos de histórias. Ela gostava muito de contar histórias como Branca de Neve, o Soldadinho de Chumbo e outras. Lembro uma vez quando ela chegou do trabalho com uma coleção de livros com CD, então, todos os dias, ela escolhia uma história e depois ouvia o CD. Foi um momento marcante em minha vida. Hoje, como mãe, levo esse incentivo aos meus filhos. Aquelas histórias que lia na infância marcou tanto minha vida que hoje conto para eles.

19. Márcia Maria Duarte A. Lima
Meus primeiros contatos com livros foram burocraticamente didáticos. Só lia quando a professora obrigava. Tinha que ler, responder a ficha, pois na prova de Português sempre tinhas questões tiradas do livro. Me dá um arrepio quando me lembro da obrigação de ler. Era muito chato. Quando criança, me recordo bem da paixão que tinha por gibis. Mas, tem uma curiosidade nisso tudo: eu gostava de ler as tirinhas de trás só para não perder tempo. Nunca fui um exemplo de leitora, meu “negócio” mesmo era ler jornais e ficar sabendo de tudo que se passava no mundo. Das recordações doces da minha infância tem uma coleção que realmente aguçou a minha curiosidade: A série VAGA LUME. Esta coleção de livros com histórias de ação e aventura me fez ter prazer em pegar um livro e só parar quando lia a última frase.

20. Cristiane Maria Rodrigues Barros
Todas as noites meu pai sentava-se na cadeira de balanço e ao redor, meus irmãos, eu e minhas amigas, sentávamos no chão para ouvir as lindas histórias que ele lia em um livro de capa amarela com letras vermelhas. Naquele livro podíamos observar muitas gravuras coloridas. Ficávamos em silêncio ouvindo e prestando muita atenção na história, que ele contava com tanto carinho. Ao terminar a leitura ele sempre perguntava: – gostaram ? Em seguida, fazia perguntas e todos íamos respondendo. No final, a pergunta era uma só: – Amanhã temos mais história ? E a resposta era sempre a mesma: – Se durante o dia obedecerem à sua mãe e à professora, contarei outra. Agora vamos dormir.

21. Marinete Maria dos Santos e Silva
Meus pais não sabiam ler, mas, tinham uma oralidade muito boa. Isto me deixava curiosa e ao mesmo tempo fascinada. Minha mãe reunia as filhas e crianças vizinhas, fazia uma roda, sentávamos e ela contava várias histórias engraçadas. Recordo-me de uma que falava da neve. Outra, que ficou na minha memória foi a de João e Maria, que eles tinham uma madrasta má. Meu pai gostava de contar histórias de literatura de cordel. Ele contava com tanta naturalidade que parecia que tinha lido. Acredito que ele ouviu de seus pais. O exemplo dos dois foi para mim uma escola: aprendi com a oralidade deles e fiz a ponte com a leitura lê na escola. A lembrança do meu primeiro dia na escola não é boa: eu vi a professora bater num aluno porque havia rasgado um livro. Eu saí correndo, desesperada e pedi aos meus pais para não voltar a escola, mas eles não concordaram. Então eu voltei e conclui os estudos.

22. Ana Paula O. S Almeida
A minha relação com este mundo mágico da leitura foi iniciado na escola. Foi lá que descobri as letras, as sílabas, as frases e os textos. A contribuição da minha primeira professora foi marcante. Foi ela que incentivou o meu interesse pela leitura dos gibis e dos textos literários. Foi ela que trouxe à tona o meu amor pela leitura propriamente dita. Lembro-me também que na escola a professora nos mandava ler anúncios, panfletos e outros gêneros. Assim se deu a minha iniciação à leitura.

23. Cícera Maria da Silva Arouxa Gomes
Sempre tive vontade de aprender ler e quando via os colegas irem à escola, eu ficava triste por não ter idade de ser matriculada. Um dia nós mudamos de localidade e a nossa casa ficava próximo da escola. Eu fugia de casa e ficava na porta da sala, observando a aula. Então a professora me convidou para entrar na sala. Esse foi um dia muito feliz. Cheguei a pular de alegria. Os meus pais eram analfabetos, mas eu, não podia ver qualquer papel que tivesse algo escrito, que aquilo me interessava. Assim eu ficava observando a aula e olhando os livros dos colegas. Tempos depois, a nossa família precisou se mudar novamente, dessa vez para a zona urbana. A minha mãe me matriculou na escola, mas eu já lia, pois os meses que passei observando as aulas, foram inesquecíveis. Na 3ª e 4ª séries tive uma professora que ensinava a gente a ler e dramatizar o que lia. Aquilo me incentivava a criar e modificar histórias e os contos de fada faziam os meus olhos brilhar.

24. Dayse Cristina Simão de Sousa
Ontem (02/03/2011), ao relatar a minha primeira relação com a leitura, não consegui resgatar profundamente este contato. Disse apenas que meu pai trabalhava bastante e não tinha como nos ajudar (eu e minha irmã) e minha mãe nos levava a escola e apenas verificava se tínhamos feito as tarefas. No entanto, depois de um longo dia de trabalho, depois do jantar, fui descansar e comecei a refletir sobre como realmente tudo aconteceu e me supreendi… Recordei-me que antes mesmo de ir à escola, minha mãe costumava ler os clássicos infantis : A Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela, entre outros. Tinha também um livro que temos até hoje, Histórias Bíblicas para crianças, antes de dormir. E eu adorava ouvi-la, pois como ela era apenas uma adolescente (tinha 17 anos) sabíamos que se divertia conosco, e depois de cada leitura, minha mãe sempre tentava transmitir para nós algum valor, principalmente quando a história era bíblica. Ao chegar na escola, não sabia ler, mas reconhecia algumas letras, o que me deixava muito feliz e curiosa para aprender mais e ler para minha mãe e irmã.

25. Ana Maria S C de Oliveira
Tudo começou na família, com um sentimento muito intenso, de uma relação de amor com a minha irmã mais velha que eu chamava carinhosamente de mãe. Na época ela tinha como leitura preferida as fotonovelas e os romances e isto despertou em mim o desejo de aprender a ler para realizarmos conjuntamente as leituras. Aos sete anos, na década de 60, entrei para a escola, mas não encontrei muito incentivo por parte da professora. Ela era severa, usava método antigo, a turma passivamente tinha que decorar tudo. Eu nem sei como aprendi a ler na primeira série. De repente eu entendi tudo como num passe de mágica fiz as descobertas. Lendo os romances, eu entrei no mundo dos sonhos, mas a realidade me chamava sempre. O meu tempo era pouco para ler e ainda me imaginar fazendo parte daquele mundo. Eu sonhava em ser personagem das histórias e mesmo diante das adversidades da vida, continuo lendo bastante, gostando de romances, por ser romântica. Durante a minha infância tentei ler o livro de Érico Veríssimo Olhai os lírios do campo. Era um livro extenso e bastante complexo para o meu pouco entendimento! Na minha adolescência voltei a ler novamente e já na vida adulta, quando passei a ficar íntima do livro, ele se extraviou. Vou adquirir novamente este livro que tanto me marcou, pois até hoje o meu olhar busca, admira e namora os lírios do campo, que crescem lindos entre vegetações do campo e desabrocham entre os espinhos da vida.

26. Memórias de uma leitora
Quando adolescente, aos 13 ou 14 anos talvez, lembro-me que tive que ler e interpretar três obras literárias, mas não me recordo ao certo se foi por livre escolha ou por sugestão do professor. Já não me recordo quais foram os títulos de todas as obras, porém uma me marcou profundamente porque sendo muito jovem e sem a prática da leitura, eu lia e não conseguia compreender nada. Naquele momento, cheguei a desistir do livro, mas jamais esqueci aquele título que de certa forma me incomodou: Memórias de um sargento de milícias. Anos mais tarde, entre os 18 e 20 anos peguei novamente o livro, experimentei e mais uma vez desisti. Fiquei a pensar se a história era ruim ou se o autor era muito complicado. Os anos se passaram e as memórias da minha primeira frustração enquanto leitora não me abandonou. Li outros livros e comecei a compreender as leituras. Gostei de uns; outros nem tanto, mas algo continuava a me incomodar. Certa vez, anos mais tarde, passando por uma livraria numa prateleira bem em frente lá estava ele, seu nome eu jamais esqueci: Memórias de um sargento de milícias. Logo percebi que havia chegado a hora. Comprei o livro e dentro de dois dias o devorei, esclareci o mistério que me perseguiu durante anos. Finalmente, compreendi o enredo do livro e me envolvi com o personagem, que, diga-se de passagem, era bem “presepeiro”. Amei esta obra e aconselho esta leitura a todos que gostarem de uma boa história de amor e muita ação!

TURMA DA TARDE

O mesmo processo ocorrido no turno da manhã, que resultou na produção de 26 relatos, foi replicado no turno da tarde, ampliando o repertório com o acréscimo de 11 textos, que reafirmam as constatações anteriormente verificadas e incorporam destaques para a participação dos avós e das irmãs, no processo da formação de leitores.

1. Maria José Duarte de Duarte
Quando era criança, eu gostava de ler, mas, a dificuldade de comprar livros era muito grande. Então mamãe vendia galinhas, tomate, mamão, manga, cajá, caju, etc… e comprava livros usados para os filhos lerem, com as vendas de frutas que plantava no quintal da minha casa. Mamãe também recortava os jornais do supermercado e dava para eu e meus irmãos lermos. Um dia, ao se aproximar o Dia das Mães, eu queria recitar uma poesia e mamãe encontrou num jornal, que enrolava o pacote de peixe. O jornal estava bem molhado e ela colocou no sol. Depois me deu uma poesia que era assim: Se Deus ouvisse um dia Minha prece ingênua e doce Não morreria uma mamãe, Por mais velhinha que fosse. Minha mãe escrevia cartas para os amigos de minha família, que viviam distantes. Por minha mãe ser a minha maior professora e alfabetizadora, minhas professoras não tiveram muito trabalho comigo. Mamãe ensinava minhas tarefas de casa todos os dias e acompanhava a nossa educação diariamente. Ensinava como sentar, comer devagar, e etc. Eu sempre amei ler. Hoje eu leio um livro por mês; no recesso escolar leio dois. Em janeiro e fevereiro, costumo ler dois livros. Um dos livros que li e mais gostei foi O escravo Bernardino. É uma história linda! Foi um livro muito vendido e é muito difícil encontrá-lo nas livrarias, mas eu tenho um exemplar. Eu era uma criança muito sapeca! Rubenita diz que eu brigava com ela, mas eu não lembro. Só me lembro que Rubenita era bem magra e tinha um cabelo lindo. Eu fui uma criança pobre, mas muito feliz! Se tivesse de voltar eu faria tudo de novo e completaria o que faltou viver, e não teria a vergonha de ser feliz, como diz Gonzaguinha. Mamãe dizia que quando eu era criança, era igual a uma música de Benito de Paula , que diz: – Eu sou como as borboletas tudo que penso é liberdade Não quero ser maltrada Essa música é a minha cara! As músicas fazem lembrar, com saudade, da infância.

2. Rubenita Maria Santana de Jesus
Iniciei a leitura pela oralidade, com minha mãe Júlia contando as histórias bíblicas, desde os cinco anos. Ela juntava todas as irmãs e sentava com a gente no chão da sala. Então ela abria a Bíblia, aquele livro preto, e começava a contar, com sua voz suave e serena. Eu viajava na história de Moisés, Ester, entre outras. Sentia vontade de ver as figuras, mas ficava sempre na imaginação, pois a Bíblia não era ilustrada. Comecei a estudar na casa da professora Amara Malaquias, que nos ensinou a escrever mostrando figuras e mandando que criássemos as nossas histórias, tiradas na nossa imaginação. Aprendi a ler e escrever com a Carta do ABC e o livro Nordeste. Eu lia tudo que aparecia à minha frente: contos de fada; Os três porquinhos; revista Bianca, A ilha encantada, Juraci, entre outros. Mas me apaixonei quando ganhei um livro de uma amiga secreta, Iracilda. Então comecei a ler todo tipo de leitura. Gosto de vários autores: Paulo Freire, Emilia Ferreiro, José de Alencar, Manoel Bandeira, Machado de Assis entre outros. Enfim, adoro ler! Lembro-me dos versos de um poema: Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá…

3. Ana Rosa de Jesus Silva
Iniciei minha vida de leitora ainda muito pequena, quando meu avô reunia todas as netas no terraço de casa e nos contava muitas histórias. Ele tinha um jeito muito engraçado de contar histórias. Lembro-me também que nessa mesma época, na escola, a minha professora era a minha própria mãe e ela sempre contava muitas historinhas. Lembro-me bem de uma história que ela contava: Tinta fresca. Era muito bom! Quando comecei a ler, eu fazia muitas leituras. Nunca me esqueço de O gato de botas, Oi passarinho, você quer ser meu amigo? e Joca Boboca. Mais tarde, na graduação tive um professor que me incentivou muito à leitura. Foi o professor João Constantino, que era o professor de literatura brasileira. Ele sempre dizia: – Economizem no lanche e comprem um livro no final do mês. E como discípula obediente eu assim o fiz. Porém, a principal incentivadora para que me tornasse uma leitora, que me despertou o prazer em ler, foi a minha irmã Arlene. Mesmo sem que ela falasse uma palavra sequer, eu observava que ela sentia muito prazer nas leituras que fazia. Eu sentia vontade de ler do mesmo jeito que ela e a partir daí, comecei a encontrar prazer nas leituras. Comecei a sentir o gosto pela leitura.

4. Quitéria Isabel
Aprendi a ler rápido, no tempo certo, com a idade dos 6 anos. No entanto, percebo que durante os primeiros anos do ensino fundamental, eu não tinha maturidade para entender, de fato, o que lia. Só a partir do primeiro ano do 2º grau, hoje Ensino Médio, foi que consegui a proeza de ler e compreender de maneira interpretativa – ou seja, aprendi, de fato, a ler. A exigência do curso, as expectativas de futuro e as cobranças da vida prática, acredito que foram os principais fatores que me levaram a perceber o quanto a leitura exige de nós, que queremos despertar a sensação do entendimento, do aprendizado construído. E assim, me descobri uma leitora completa, lendo diversos gêneros: romances, contos, jornais, livros didáticos e outros. Por todos eu tenho interesse: seja o título sugestivo de um romance; seja uma notícia local; seja um assunto didático do momento. Até as sinopses de filmes, pois eu sentia a maior preguiça de investigar o filme o qual estava prestes a assistir. Dessa forma, o meu intelectual cresceu junto com a minha maturidade. Hoje, sou uma leitora – pesquisadora, aproveito tudo que leio para por em prática na vida.

5. Vanda Ferreira Pinto Serafim
Eu iniciei o meu gosto pela leitura, através de minha professora D. Telma Lúcia. Aprendi a ler muito cedo, graças às outras professoras. A minha mãe tinha nove filhos e costurava para fora; o meu pai, que naquela época era policial, passava muitos dias fora e mal nos via acordados ou em casa. Nem minha mãe, nem meu pai tinham tempo para ler histórias para nós, mas ela sempre nos tomava a leitura, corrigia as nossas tarefas e nos orientava. Quando eu estava na quarta série minha professora Telma Lúcia nos fazia ler, todos os dias, vários livros de leitura. Eu me lembro muito do livro Pequeno Príncipe e Sítio do Pica-pau amarelo. Acho que comecei ler de verdade, quando eu via a minha irmã mais velha lendo romances como: Julia, Bianca e Sabrina. Comecei a ler escondido e cada vez que eu lia eu queria ler mais e mais. Daí eu fui me interessando por outros livros. Minha mãe sempre nos dizia que o sonho dela era ter sido uma professora, mas infelizmente o pai dela, meu avô, não a deixava estudar. Ela só fez até a quarta série e dizia que se pudesse, teria terminado e se formado. No entanto, o tempo que lhe sobrava era muito pouco, e ela sempre nos dizia para que nós nunca parássemos de estudar. Eu estudei e me formei professora. Foi como se eu tivesse realizado o sonho de minha mãe. Sempre li, mas sinto que preciso ler mais, para passar para meus filhos o prazer que a leitura nos dá.

6. Maria do Rosário Ferreira de Oliveira
Cresci em um lar onde havia ambiente propício à leitura. Sou caçula de uma família de oito irmãos e a minha mãe era professora, por isso, mantinha em nossa casa muitos livros infantis, revistas e gibis para que não saíssemos de casa para a rua. Meu pai, apesar de não ter cursado a escola além da 3ª série primária, sempre gostou de ler jornais e de contar causos. Acredito que este hábito de meu pai influenciou muito o meu interesse pela leitura. Sou fruto desse ambiente. Fui alfabetizada no início de minha infância, mas só na adolescência que me tornei uma leitora. Lia muitas fotonovelas, romances e gibis. Amava as histórias de Zé Carioca! Deixada esta fase para trás, tive o prazer de ler os livros de Jorge Amado, pois, o meu irmão Tota, comprou uma coleção completa desse autor. Comecei por Pastores da Noite e confesso que não li todos os títulos, mas posso afirmar que já devorei grande parte desse acervo. Também em minha adolescência li, de Richard Bach : Fernão Capelo Gaivota, Longe é um lugar que não existe e A ponte para o sempre. O autor que me fascina com sua obra, até hoje, é Gabriel Garcia Marques! Gosto de ler e mantenho essa prática até hoje.

7. Silvana Gomes Nascimento
Narrar minha história com a leitura é relembrar flertes antigos, paixões avassaladoras e amores eternos. Flertes antigos são o que denomino meu primeiro contato com livros e histórias, chamados também de paqueras: os contos infantis, as narrativas populares e de assombrações contadas pelo meu Avô. E as chamadas histórias bíblicas, lidas por mim para minha avó querida e saudosa, que em sua humilde sabedoria, desconhecia as leituras, mas apreciava as bem aventuranças celestiais. Minha infância foi toda envolvida por estes flertes já mencionados, que vez ou outra me pego relendo-os , deve ser paixão recolhida. Na adolescência, conheci O Pequeno Príncipe. Embora tenha dificuldades em lembrar o nome do autor, mas não atribuo o mesmo à narrativa e menos ainda as personagens. Afinal, “o essencial é invisível aos olhos”. Na fase adulta, enveredei pelos romances clássicos – amores eternos – conhecidos pelos nomes de Aluízio Azevedo, Alencar, Castro Alves e o inigualável Machado de Assis com seus triângulos amorosos que tanto intrigam, além da conversa com o leitor amigo.

8. Elisângela Maria da Silva
Foi há muito tempo atrás, mas parece que foi hoje. Como diz o ditado popular: o tempo não para. Tudo começou na minha infância, com minha mãe que adorava contar histórias bíblicas para eu e minhas irmãs. Era muito divertido! Pedíamos para ela contar várias vezes a mesma história e ela contava. A paixão pela literatura começou a florescer a partir daqueles momentos. Lembro-me que eu adorava olhar as imagens dos livros, que me chamavam muito a atenção. Minha imaginação fluía; a leitura me fazia viajar e conhecer outros horizontes. Na escola, a professora trabalhava com muitos textos. Líamos bastante, ela nos mandava escolher entre os diversos livros expostos, àquele que nos chamasse mais atenção. Quando ela fazia isto, eu escolhia o livro que tivesse mais imagens. Houve um acontecimento na minha adolescência que me chocou. Foi quando um professor pediu pare lermos o livro Triste fim de Policarpo Quaresma para fazermos uma prova. Só que na prova não caiu nada sobre o livro e ficamos muito chocados. Passei um tempo sem entusiasmo para ler, foi quando no Ensino Médio encontrei uma professora chamada Adriana que mudou toda a minha história, pois sabemos que ler é mágico, faz a gente amadurecer e sempre sonhar. Por isso, que hoje eu sou uma verdadeira incentivadora da leitura, porque ler é transformar, conhecer, sonhar, refletir, buscar, viver… É fonte inesgotável.

9. Elilde Maria Ramos
Éramos cinco irmãos. Eu me lembro que sempre gostei de fazer as tarefas da escola, mas, não tinha aquele gosto pela leitura. Lembro-me muito bem quando estudei na Escola Paroquial São Miguel. A professora Dona Ângela marcou a minha vida, com aquele jeito de menina, bastante carinhosa. Na hora do intervalo, nós, as meninas, sempre gostávamos de brincar de professora, para imitar o jeito da professora Ângela. Era tão bom! A minha mãe sempre acompanhava as tarefas de casa. Mesmo sendo semi-analfabeta, ela se esforçava para incentivar os filhos na escola. Minha mãe estava sempre ao nosso lado, fazendo as leituras, soletrando. Sem dúvida, a minha mãe nos ajudou muito nesse processo de aprendizagem. Na minha adolescência não dava muita importância aos livros, talvez porque lia, mas não compreendia e aquilo não me dava prazer. Hoje, posso dizer que sou leitora, porque agora sinto o prazer de viajar nas palavras.

10. Ana Rosa Sampaio V. Silva
Aprender a ler foi uma experiência muito emocionante em toda a minha vida. Despertou a minha curiosidade e uma necessidade enorme de ler cada vez mais. Eu costumava não só ler, como também escrever aquilo que achava interessante para minha vida. E hoje, procuro trazer isso para o meu convívio.

11. (não assinou)
Entre as recordações maravilhosas da minha infância, revejo um lar cercado de afeto e carinhos, rodeado de pessoas especiais, cultivando amor e respeito ao próximo. Descobri que com a leitura alcançamos o mundo. Cresci cercada de vários educadores, que me motivaram a aprender, incentivando a ligação com livros. A minha mãe era gestora de uma escola de Estado e o meu pai, um homem correto e justo. Tenho quatro irmãos e vivíamos numa casa ao lado da escola, por isso, vivenciei aulas, palestras e reuniões, Cresci naquele ambiente educacional. Dedicação é palavra que encontro para definir a minha mãe, cujo trabalho, como educadora, desenvolvia admiravelmente... O resgate da memória revela que o amor é o instrumento maior motivando assim todos os bons ensinamentos.

LIVROS CITADOS (incluindo gibis, fotonovelas, jornais):

A Bela Adormecida; A ilha Encantada; A moreninha; A ponte para o sempre; Bianca; Bíblia; Bolota; Branca de Neve; Brincando com as palavras; Carta do ABC; Cartilha Nordeste; Chapeuzinho Vermelho; Cinderela; Fernão Capelo Gaivota; fotonovela; gibi; Homero homem; jornal; Julia; Juraci; Longe é um lugar que não existe; Luluzinha; Memórias de um sargento de milícias; Meu pé de laranja lima; O escravo Bernardino; O patinho feio; O Pequeno Principe; O soldadinho de chumbo; Olhai os lírios dos campos; Os Pastores da Noite; Os 3 porquinhos; poema A Foca.Rapunzel; Sabrina; Senhora; série VAGA LUME; Sitio do Picapau Amarelo; Triste fim de Policarpo Quaresma; Turma da Mônica; Tronco do Ipê; Zé Carioca. HISTORIAS CITADAS Branca de Neve; Chapeuzinho Vermelho; Joca Boboca; João e Maria; Moisés e Ester (bíblicas); O gato de botas; Oi passarinho, você quer ser meu amigo?Princesas, fadas e comadre fulôzinha; Soldadinho de Chumbo; Tinta fresca. AUTORES CITADOS (inclui músicos compositores) Aluizio Azevedo; Benito di Paula; Cabral; Castro Alves; Cecília Meireles; Drummond; Emilia Ferreiro; Erico Veríssimo; Gabriel Garcia Marques; Gonzaguinha; José de Alencar; José Mauro de Vasconcelos; Joaninha de Sousa. Machado de Assis; Manoel Bandeira; Richard Bach; Paulo Freire; Vinicius de Moraes.