Poema à Formação Continuada
Ângela Maria de Melo
Buscando aprimoramento
Nas técnicas educacionais
Inovando-se a cada dia
Assim vivem os magistrais
Responsáveis pela educação
E pelos bens sociais.
É Sanharó contemplando
Com muita soberania
Atendido pelo CEEL
Ousado em sabedoria
Trouxe para o município
Destaque e melhoria.
Governo de qualidade
Que trabalha com amor
Seleciona a equipe
Quer futuro progresso
Atende o alunado
Capacita o professor.
Centro de Educação
Em Estudo e Linguagem
Ensina, troca experiências
Renovando a bagagem
Mostrando como dar-se o processo
De ensino-aprendizagem.
Momentos inesquecíveis
Trouxe para nós o CEEL
Nos tornando uma família
De um amor tão fiel
Nos deleitamos como tudo
Do sofisticado ao cordel.
Hoje nós despedimos
Sentindo tanta saudade
Mas fartos com o banquete
De uma ótima qualidade
Valeu a pena por tudo
E pela nossa amizade.
E ao Prefeito César
Nossa imensa gratidão
A equipe do CEEL
A Secretaria de Educação
Junto honrados, dizemos
Cumprimos nossa missão.
Fátima, Rosário, Lindomar
Colegas de profissão
Toda equipe gestora
Participantes em ação
Sanharó está de parabéns
Em termos de Educação.
Poema produzido pela professora cursista Ângela Maria de Melo Lucena durante Seminário de Encerramento da formação.
Formação Continuada em Sanharó/PE.
Outubro 2007
Coordenação da Formação: Carolina Perrusi e Kátia Melo
Formadoras: Fátima Soares e Leila Nascimento.
31 de outubro de 2007
Entrevista: Ludmila Thome de Andrade (UFRJ)
FORMAÇÃO DO LEITOR
Outubro de 2007.
"Existe uma representação na sociedade de que a língua portuguesa é muito difícil e que ninguém vai aprender a escrever porque é muito difícil. Há um não reconhecimento do que a gente faz o tempo todo que também é língua portuguesa. Pra desconstruir isso, dentro das formações dos alunos, lá desde a alfabetização, eles precisam se apropriar dos seus textos... Se a professora puder, colocar esses meninos como sujeitos de sua escrita, escrevendo o que desejam escrever, e essa escrita sendo cada vez mais, sempre, sistematicamente publicada e revisada numa dimensão de “quem vai ler”, exposições, varais de poesias, publicação para os pais, cartas para escolas de outros estados. Que a escrita seja trabalhada numa dimensão menos artificial e mais “o que eu quero dizer”, “eu estou usando minha língua e eu sou autor dessa língua”, afirma.
CEEL - Por que ainda é tão difícil a formação de alunos “leitores” no Brasil?
Ludmila Thome - Na verdade eu acho que se a gente tivesse uma formação de professores continuadamente atualizada e, também a inicial, de um nível mais interessante com uma responsabilidade maior do governo de estar sempre atualizando os professores, o conhecimento científico e preocupado com inovações nas práticas pedagógicas, a gente teria um outro modelo de professor. Evidentemente, um professor que ganhasse mais seria um outro cidadão com outras ambições de consumo cultural e inserção cultural que fariam necessariamente um melhor leitor. E, isso pra mim tem uma implicação direta: se você é leitor, se você tem a possibilidade de ser leitor inserido na cultura você vai saber como promover pedagogicamente atividades que vão fazer o aluno se inscrever na posição de leitor e também de escritor.
CEEL - A universidade está formando futuros professores leitores?
Ludmila Thome - Parece que há um isolamento entre a nossa tarefa de estudo, de pesquisa e o que a gente faz em sala de aula. Parece que a gente pensa às vezes que pode fazer os alunos aprenderem sem falar sobre esse aprender. Então, os alunos saem do ensino médio e viram alunos universitários, passam pela universidade durante quatro anos e cada professor vai fazer tarefas de leitura e escrita, um pouco do que acontece na escola básica. Cada professor tem a sua tarefa, todos os professores lidam com a leitura e escrita, mas só o professor de português se ocupa da responsabilidade de saber o que é e discutir sobre a leitura e a escrita e nem sempre ele sabe da melhor forma. Os professores não se colocam na posição de formadores, a gente se coloca na posição de professores-pesquisadores, isso é um defeito da universidade e uma coisa para se pensar nessa formação inicial. A universidade participando de programas e projetos de formação continuada que estão, cada vez mais, colocando os professores para escrever, pensando na leitura, tem ajudado os professores a se apropriarem de uma forma adequada dos conhecimentos científicos e até produzindo materiais diferenciados para a formação. Mas, a formação inicial, eu ainda acho que é muito científica e alienada das suas funções formadoras.
CEEL - Iniciativas de estímulo a leitura dão resultado. Que projetos poderiam ser apontados como iniciativas bem sucedidas?
Ludmila Thome - No Rio de Janeiro, anualmente, a gente tem o Salão do Livro Infantil que acontece no Museu de Arte Moderna. Os professores de Sala de Leitura (Biblioteca) recebem R$ 500,00 para comprar para suas bibliotecas. Nesse salão do livro o professor leva para sua escola o que ele escolheu e, no ano que tem a Bienal do Livro o professor tem mais R$ 500,00 para gastar na Bienal. Isso é uma forma de acesso, mas, ao mesmo tempo, é uma forma de responsabilização do professor pela leitura literária na escola. Só a montagem de bibliotecas não é suficiente para que aconteça a leitura. A idéia de uma biblioteca em cada município é absolutamente fundamental, é mínima, é básico. Isso aí já tinha que ter acontecido há muito tempo, tinha que ter uma biblioteca em cada bairro. Ter uma em cada município é maravilhoso, mas é preciso estar atento para como esse projeto vai ser implementado. O acesso não é suficiente, a gente precisa estar dinamizando. Qualquer professor de Sala de Leitura deveria saber isso, nem sempre ele sabe. O bibliotecário é o dono da chave, é o que guarda, não é o que oferece. Precisamos fazer eles entenderem que a manipulação é que faz a leitura.
Ludmila Thome de Andrade possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), mestrado em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (1991), Diplôme d'études approfondies (DEA/mestrado) em Analyse du Discours - Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1991) e doutorado em Sciences de L'Education - Universite de Paris VIII (1996). Atualmente é Professor Adjunto IV da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, análise do discurso, letramento, escrita e leitura e ensino de língua materna.
Por Augusto Noronha
Assessoria de Comunicação - Ceel UFPE
Outubro de 2007.
"Existe uma representação na sociedade de que a língua portuguesa é muito difícil e que ninguém vai aprender a escrever porque é muito difícil. Há um não reconhecimento do que a gente faz o tempo todo que também é língua portuguesa. Pra desconstruir isso, dentro das formações dos alunos, lá desde a alfabetização, eles precisam se apropriar dos seus textos... Se a professora puder, colocar esses meninos como sujeitos de sua escrita, escrevendo o que desejam escrever, e essa escrita sendo cada vez mais, sempre, sistematicamente publicada e revisada numa dimensão de “quem vai ler”, exposições, varais de poesias, publicação para os pais, cartas para escolas de outros estados. Que a escrita seja trabalhada numa dimensão menos artificial e mais “o que eu quero dizer”, “eu estou usando minha língua e eu sou autor dessa língua”, afirma.
CEEL - Por que ainda é tão difícil a formação de alunos “leitores” no Brasil?
Ludmila Thome - Na verdade eu acho que se a gente tivesse uma formação de professores continuadamente atualizada e, também a inicial, de um nível mais interessante com uma responsabilidade maior do governo de estar sempre atualizando os professores, o conhecimento científico e preocupado com inovações nas práticas pedagógicas, a gente teria um outro modelo de professor. Evidentemente, um professor que ganhasse mais seria um outro cidadão com outras ambições de consumo cultural e inserção cultural que fariam necessariamente um melhor leitor. E, isso pra mim tem uma implicação direta: se você é leitor, se você tem a possibilidade de ser leitor inserido na cultura você vai saber como promover pedagogicamente atividades que vão fazer o aluno se inscrever na posição de leitor e também de escritor.
CEEL - A universidade está formando futuros professores leitores?
Ludmila Thome - Parece que há um isolamento entre a nossa tarefa de estudo, de pesquisa e o que a gente faz em sala de aula. Parece que a gente pensa às vezes que pode fazer os alunos aprenderem sem falar sobre esse aprender. Então, os alunos saem do ensino médio e viram alunos universitários, passam pela universidade durante quatro anos e cada professor vai fazer tarefas de leitura e escrita, um pouco do que acontece na escola básica. Cada professor tem a sua tarefa, todos os professores lidam com a leitura e escrita, mas só o professor de português se ocupa da responsabilidade de saber o que é e discutir sobre a leitura e a escrita e nem sempre ele sabe da melhor forma. Os professores não se colocam na posição de formadores, a gente se coloca na posição de professores-pesquisadores, isso é um defeito da universidade e uma coisa para se pensar nessa formação inicial. A universidade participando de programas e projetos de formação continuada que estão, cada vez mais, colocando os professores para escrever, pensando na leitura, tem ajudado os professores a se apropriarem de uma forma adequada dos conhecimentos científicos e até produzindo materiais diferenciados para a formação. Mas, a formação inicial, eu ainda acho que é muito científica e alienada das suas funções formadoras.
CEEL - Iniciativas de estímulo a leitura dão resultado. Que projetos poderiam ser apontados como iniciativas bem sucedidas?
Ludmila Thome - No Rio de Janeiro, anualmente, a gente tem o Salão do Livro Infantil que acontece no Museu de Arte Moderna. Os professores de Sala de Leitura (Biblioteca) recebem R$ 500,00 para comprar para suas bibliotecas. Nesse salão do livro o professor leva para sua escola o que ele escolheu e, no ano que tem a Bienal do Livro o professor tem mais R$ 500,00 para gastar na Bienal. Isso é uma forma de acesso, mas, ao mesmo tempo, é uma forma de responsabilização do professor pela leitura literária na escola. Só a montagem de bibliotecas não é suficiente para que aconteça a leitura. A idéia de uma biblioteca em cada município é absolutamente fundamental, é mínima, é básico. Isso aí já tinha que ter acontecido há muito tempo, tinha que ter uma biblioteca em cada bairro. Ter uma em cada município é maravilhoso, mas é preciso estar atento para como esse projeto vai ser implementado. O acesso não é suficiente, a gente precisa estar dinamizando. Qualquer professor de Sala de Leitura deveria saber isso, nem sempre ele sabe. O bibliotecário é o dono da chave, é o que guarda, não é o que oferece. Precisamos fazer eles entenderem que a manipulação é que faz a leitura.
Ludmila Thome de Andrade possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), mestrado em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (1991), Diplôme d'études approfondies (DEA/mestrado) em Analyse du Discours - Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1991) e doutorado em Sciences de L'Education - Universite de Paris VIII (1996). Atualmente é Professor Adjunto IV da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, análise do discurso, letramento, escrita e leitura e ensino de língua materna.
Por Augusto Noronha
Assessoria de Comunicação - Ceel UFPE
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entrevista
14 de outubro de 2007
Literatura e Letramento digital em debate no site do Ceel
Por Karla Vidal
No próximo dia 29 o site do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (Ceel/UFPE) promove o primeiro encontro online deste ano de sua sala de discussão virtual. O debate será conduzido pela professora Ivanda Martins, da Faculdade Integrada do Recife (FIR), que colocará em pauta o tema Literatura e Letramento Digital.
No próximo dia 29 o site do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (Ceel/UFPE) promove o primeiro encontro online deste ano de sua sala de discussão virtual. O debate será conduzido pela professora Ivanda Martins, da Faculdade Integrada do Recife (FIR), que colocará em pauta o tema Literatura e Letramento Digital.
Criada há pouco mais de um ano com o objetivo de ampliar os espaços de debate sobre ensino da língua portuguesa, a sala funciona como um bate-papo online e já promoveu encontros com as formadoras do Ceel Telma Ferraz Leal, Carolina Perrusi e Sandra Ataíde, além da professora Ludmila Thomé da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também formadora do Centro de Estudos.
Para participar, os internautas devem acessar o site do Ceel e preencher o cadastro, com nome e um e-mail válido. Depois de cadastrado, o participante recebe, em seu e-mail, login, senha e as informações necessárias para ingressar na sala.
Mais informações
www.ufpe.br/ceel
www.ufpe.br/ceel
Entrevista: Lívia Suassuna (UFPE)
POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO DE LEITORES
Outubro de 2007.
Durante a 6ª edição da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, Lívia Suassuna, formadora do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (CEEL/UFPE), participou da mesa-redonda Políticas Públicas e formação de leitores: desafios e perspectivas. Após a fala, Lívia respondeu algumas questões a equipe do Portal CEEL.
CEEL- Quando se fala em formação do leitor, falamos para além dos alfabetizandos?
Lívia Suassuna - Tem duas coisas para considerar nesta pergunta. Uma é que quando a gente fala da formação do leitor a gente quer formar esse leitor que lê mundo. Que não é apenas porque lê mundo, porque se posiciona no mundo, porque sabe interpretar o mundo, mas é aquele leitor que faz uma leitura do mundo ampliada e mediada pela leitura da palavra. Daí a responsabilidade da escola de alfabetizar letrando, como a gente diz hoje, ou promover o letramento. E a gente entende letramento nesse sentido de inserção nas práticas sociais de leitura e escrita. Então existe essa concepção mais ampliada hoje do que seja ler, é muito mais do que dominar o sistema de escrita. É estar alfabetizado e dominar a tecnologia da escrita e pela mediação da palavra escrita fazer essa leitura de mundo. E quando a gente fala, sobretudo em termos de políticas educacionais, na hora que a gente fala da formação de leitor, a gente está falando muito da formação do leitor que está na escola, do aluno, seja ele quem for, da educação infantil até a universidade. A gente está sempre formando leitores. Agora, para formar leitores a gente tem que pensar também em quem é o professor que forma esse leitor e quais essas práticas sociais de escrita, leitura e letramento.
CEEL- E qual a importância dessas concepções ampliadas para os alunos das Licenciaturas?
Lívia Suassuna - Durante muito tempo, e ainda hoje um pouco, acreditou-se que a língua seria um código transparente, homogêneo e necessariamente tudo que tivesse escrito corresponderia a um dado da realidade. Nesse sentido, a gente então pegou a língua codificou, descreveu e normatizou nas gramáticas. Como essa é uma concepção de muito tempo, de muitos séculos até, então na escola, toda vida, predominou a leitura nesse sentido estreito da decifração do código. O ensino sempre foi centrado na regra do código e bom leitor era aquele que estivesse alfabetizado e fosse capaz de reproduzir o sentido presente na superfície dos textos. Hoje a gente trabalha com uma concepção diferente, tanto de língua como de texto, como de leitor. Porque? Porque nós entendemos que a língua é uma prática discursiva, social. Ela não é código, ela não é uma estrutura fixa. Ela é um processo cultural de geração de sentidos. Ela é interação social. A partir dessa concepção de língua a gente compreende de uma maneira mais ampliada o texto, e aí não basta ter uma soma de palavras e frases para ser texto. Os textos vêm definidos pelo sentido que ele carrega consigo. Aí ele pode ter uma, duas palavras ou mil, ele pode ter imagem ou não ter imagem, o importante é que ele seja portador de um sentido, a materialização de um sentido, de um ato lingüístico. A partir dessa visão nova do que seja língua, do que seja texto, a gente tem uma visão nova do que seja leitor. Que não é decifrar o código e nem repetir o que já está escrito ou o que já está dito, mas é construir esse sentido. Levantando hipóteses, testando, se posicionando, reconhecendo os contextos históricos de produção desses sentidos e desses textos.
CEEL- Então é preciso que os alunos das Licenciaturas tenham clareza dessa concepção para poder repassar para os futuros alunos essa nova visão de texto, de língua, de leitura?
Lívia Suassuna - Exatamente. E não só ele tem que ter uma clareza teórica dessas concepções de língua, texto e leitura, como ele, na universidade, tem que vivenciar uma prática diferenciada de leitura. Por isso que eu disse anteriormente que quando a gente fala do aluno, a gente fala de qualquer um que esteja dentro do sistema escolar e da formação desse aluno. O aluno de Letras também é um aluno, também tem práticas sociais de letramento que a gente precisa considerar e ampliar. Ele só pode ser um promotor de leitura nessa concepção ampliada se ele vivenciar essa prática.
CEEL- Além das políticas de estímulo a leitura como criação de bibliotecas, doação de livros, outras práticas como teatro, cinema, interpretação de publicidade. Tudo isso também contribui para estimular a prática da leitura?
Lívia Suassuna - Sim tudo. Sem dúvida. E a leitura é uma responsabilidade da escola. Ela é uma responsabilidade muito direta do professor de Língua, mas ela é responsabilidade de toda a escola. Todos os professores, nesse sentido mais amplo, são alfabetizadores. Por isso que hoje a gente fala em alfabetização matemática, alfabetização científica... Porque é uma questão de ensinar a lidar com linguagens que são portadoras e produtoras de sentido.
CEEL- Está se construindo uma idéia de que, nessa era digital, a biblioteca vai acabar. O imaginário popular parece pular a etapa da transformação ou da utilização simultânea de várias estratégias. Qual a sua opinião em relação a esta questão?
Lívia Suassuna - Eu sou admiradora e leitora de um professor aposentado da Unicamp que se chama Ezequiel Theodoro da Silva. Ele milita muito em favor da leitura e é fundador, presidente da Associação de Leitura do Brasil, uma entidade não governamental de utilidade pública que promove a leitura no Brasil, trabalha com a promoção da leitura, publica um periódico muito importante sobre leitura e realiza a cada dois anos o COLE que é o Congresso de Leitura do Brasil. E Ezequiel diz uma coisa muito interessante. Ele diz que não há recurso tecnológico que substitua a figura do professor, por conta do seu testemunho, da sua experiência de vida, da sua maturidade como leitor que ele vai usar a serviço da aprendizagem dos alunos. Então ele diz que não há recurso que possa substituir. Eu acho que, dentro dessa mesma linha, em função da importância cultural, da alegria que o texto gera, do prazer, do acúmulo de informações que a gente tem documentadas em livro, eu não tenho o menor temor com relação ao livro, não acho que vai faltar lugar pra ele, nem pra biblioteca na nossa escola, na formação dos leitores. Eu acho que as tecnologias vão se incorporar. Eu concordo com Carmem Bandeira, quando falou agora a pouco na mesa-redonda, e disse que a gente está pensando aqui que a biblioteca vai acabar, mas nós estamos de fato é com a biblioteca em questão. Que espaço é esse? O que é que vai vir a mais? O que é que vai vir a menos? O nome continua sendo biblioteca de biblio, livro? Você veja que o que a gente pratica na Internet é a leitura da escrita. O texto ao invés de estar deitado está mais em pé, ao invés de ser manuscrito ele é digitado, mas são práticas de leitura. É a escrita que está mediando aqueles sentidos todos. Então, eu não tenho a menor angústia com isso, nem acho que vai desaparecer professor por causa de tecnologia, nem acho que vai desaparecer livro e a documentação escrita.
Lívia Suassuna é Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo defendido, sob orientação do Prof. Dr. João Wanderley Geraldi, a tese Linguagem como discurso - implicações para as práticas de avaliação. É professora do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, onde ministra a disciplina de Prática de Ensino de Português para alunos do Curso de Letras. Na pós-graduação, costuma ensinar Didática e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa. Na qualidade de pesquisadora na área de ensino de Português e Literatura Brasileira, orienta trabalhos e participa de pesquisas e projetos diversos de formação de professores de 5ª a 8ª série e do ensino médio, inclusive dando assessoria a diferentes redes públicas de ensino. Tem várias publicações em sua área de atuação, entre elas o livro Ensino de Língua Portuguesa – uma abordagem pragmática (Ed. Papirus). Atualmente,vem se dedicando ao tema da avaliação educacional e da aprendizagem em linguagem.
Por Karla Vidal
Assessoria de Comunicação - Ceel UFPE
Outubro de 2007.
Durante a 6ª edição da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, Lívia Suassuna, formadora do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (CEEL/UFPE), participou da mesa-redonda Políticas Públicas e formação de leitores: desafios e perspectivas. Após a fala, Lívia respondeu algumas questões a equipe do Portal CEEL.
CEEL- Quando se fala em formação do leitor, falamos para além dos alfabetizandos?
Lívia Suassuna - Tem duas coisas para considerar nesta pergunta. Uma é que quando a gente fala da formação do leitor a gente quer formar esse leitor que lê mundo. Que não é apenas porque lê mundo, porque se posiciona no mundo, porque sabe interpretar o mundo, mas é aquele leitor que faz uma leitura do mundo ampliada e mediada pela leitura da palavra. Daí a responsabilidade da escola de alfabetizar letrando, como a gente diz hoje, ou promover o letramento. E a gente entende letramento nesse sentido de inserção nas práticas sociais de leitura e escrita. Então existe essa concepção mais ampliada hoje do que seja ler, é muito mais do que dominar o sistema de escrita. É estar alfabetizado e dominar a tecnologia da escrita e pela mediação da palavra escrita fazer essa leitura de mundo. E quando a gente fala, sobretudo em termos de políticas educacionais, na hora que a gente fala da formação de leitor, a gente está falando muito da formação do leitor que está na escola, do aluno, seja ele quem for, da educação infantil até a universidade. A gente está sempre formando leitores. Agora, para formar leitores a gente tem que pensar também em quem é o professor que forma esse leitor e quais essas práticas sociais de escrita, leitura e letramento.
CEEL- E qual a importância dessas concepções ampliadas para os alunos das Licenciaturas?
Lívia Suassuna - Durante muito tempo, e ainda hoje um pouco, acreditou-se que a língua seria um código transparente, homogêneo e necessariamente tudo que tivesse escrito corresponderia a um dado da realidade. Nesse sentido, a gente então pegou a língua codificou, descreveu e normatizou nas gramáticas. Como essa é uma concepção de muito tempo, de muitos séculos até, então na escola, toda vida, predominou a leitura nesse sentido estreito da decifração do código. O ensino sempre foi centrado na regra do código e bom leitor era aquele que estivesse alfabetizado e fosse capaz de reproduzir o sentido presente na superfície dos textos. Hoje a gente trabalha com uma concepção diferente, tanto de língua como de texto, como de leitor. Porque? Porque nós entendemos que a língua é uma prática discursiva, social. Ela não é código, ela não é uma estrutura fixa. Ela é um processo cultural de geração de sentidos. Ela é interação social. A partir dessa concepção de língua a gente compreende de uma maneira mais ampliada o texto, e aí não basta ter uma soma de palavras e frases para ser texto. Os textos vêm definidos pelo sentido que ele carrega consigo. Aí ele pode ter uma, duas palavras ou mil, ele pode ter imagem ou não ter imagem, o importante é que ele seja portador de um sentido, a materialização de um sentido, de um ato lingüístico. A partir dessa visão nova do que seja língua, do que seja texto, a gente tem uma visão nova do que seja leitor. Que não é decifrar o código e nem repetir o que já está escrito ou o que já está dito, mas é construir esse sentido. Levantando hipóteses, testando, se posicionando, reconhecendo os contextos históricos de produção desses sentidos e desses textos.
CEEL- Então é preciso que os alunos das Licenciaturas tenham clareza dessa concepção para poder repassar para os futuros alunos essa nova visão de texto, de língua, de leitura?
Lívia Suassuna - Exatamente. E não só ele tem que ter uma clareza teórica dessas concepções de língua, texto e leitura, como ele, na universidade, tem que vivenciar uma prática diferenciada de leitura. Por isso que eu disse anteriormente que quando a gente fala do aluno, a gente fala de qualquer um que esteja dentro do sistema escolar e da formação desse aluno. O aluno de Letras também é um aluno, também tem práticas sociais de letramento que a gente precisa considerar e ampliar. Ele só pode ser um promotor de leitura nessa concepção ampliada se ele vivenciar essa prática.
CEEL- Além das políticas de estímulo a leitura como criação de bibliotecas, doação de livros, outras práticas como teatro, cinema, interpretação de publicidade. Tudo isso também contribui para estimular a prática da leitura?
Lívia Suassuna - Sim tudo. Sem dúvida. E a leitura é uma responsabilidade da escola. Ela é uma responsabilidade muito direta do professor de Língua, mas ela é responsabilidade de toda a escola. Todos os professores, nesse sentido mais amplo, são alfabetizadores. Por isso que hoje a gente fala em alfabetização matemática, alfabetização científica... Porque é uma questão de ensinar a lidar com linguagens que são portadoras e produtoras de sentido.
CEEL- Está se construindo uma idéia de que, nessa era digital, a biblioteca vai acabar. O imaginário popular parece pular a etapa da transformação ou da utilização simultânea de várias estratégias. Qual a sua opinião em relação a esta questão?
Lívia Suassuna - Eu sou admiradora e leitora de um professor aposentado da Unicamp que se chama Ezequiel Theodoro da Silva. Ele milita muito em favor da leitura e é fundador, presidente da Associação de Leitura do Brasil, uma entidade não governamental de utilidade pública que promove a leitura no Brasil, trabalha com a promoção da leitura, publica um periódico muito importante sobre leitura e realiza a cada dois anos o COLE que é o Congresso de Leitura do Brasil. E Ezequiel diz uma coisa muito interessante. Ele diz que não há recurso tecnológico que substitua a figura do professor, por conta do seu testemunho, da sua experiência de vida, da sua maturidade como leitor que ele vai usar a serviço da aprendizagem dos alunos. Então ele diz que não há recurso que possa substituir. Eu acho que, dentro dessa mesma linha, em função da importância cultural, da alegria que o texto gera, do prazer, do acúmulo de informações que a gente tem documentadas em livro, eu não tenho o menor temor com relação ao livro, não acho que vai faltar lugar pra ele, nem pra biblioteca na nossa escola, na formação dos leitores. Eu acho que as tecnologias vão se incorporar. Eu concordo com Carmem Bandeira, quando falou agora a pouco na mesa-redonda, e disse que a gente está pensando aqui que a biblioteca vai acabar, mas nós estamos de fato é com a biblioteca em questão. Que espaço é esse? O que é que vai vir a mais? O que é que vai vir a menos? O nome continua sendo biblioteca de biblio, livro? Você veja que o que a gente pratica na Internet é a leitura da escrita. O texto ao invés de estar deitado está mais em pé, ao invés de ser manuscrito ele é digitado, mas são práticas de leitura. É a escrita que está mediando aqueles sentidos todos. Então, eu não tenho a menor angústia com isso, nem acho que vai desaparecer professor por causa de tecnologia, nem acho que vai desaparecer livro e a documentação escrita.
Lívia Suassuna é Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo defendido, sob orientação do Prof. Dr. João Wanderley Geraldi, a tese Linguagem como discurso - implicações para as práticas de avaliação. É professora do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, onde ministra a disciplina de Prática de Ensino de Português para alunos do Curso de Letras. Na pós-graduação, costuma ensinar Didática e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa. Na qualidade de pesquisadora na área de ensino de Português e Literatura Brasileira, orienta trabalhos e participa de pesquisas e projetos diversos de formação de professores de 5ª a 8ª série e do ensino médio, inclusive dando assessoria a diferentes redes públicas de ensino. Tem várias publicações em sua área de atuação, entre elas o livro Ensino de Língua Portuguesa – uma abordagem pragmática (Ed. Papirus). Atualmente,vem se dedicando ao tema da avaliação educacional e da aprendizagem em linguagem.
Por Karla Vidal
Assessoria de Comunicação - Ceel UFPE
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2 de outubro de 2007
Ceel retoma trabalhos para sua sala de discussão virtual
Por Karla Vidal
Nessa quinta-feira (20), o site do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (Ceel/UFPE) promove o segundo encontro online deste ano de sua sala de discussão virtual. A conversa estará disponível para acesso a partir das 19h e 30min, no horário de Recife, e 20h e 30min no horário de Brasília.
O debate será conduzido pela professora Margareth Brainer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formadora do CEEL e integrante do Laboratório de Estudos de Linguagem, Leitura e Escrita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Leduc/UFRJ). A professora colocará em pauta o tema Produção de Texto na alfabetização de crianças.
Internautas precisam efetuar cadastro, disponível no site do CEEL, para ingressar na sala. Quem já participou do primeiro encontro não precisa efetuar novo cadastro.
Criada há mais de um ano com o objetivo de ampliar os espaços de debate sobre ensino da língua portuguesa, a sala funciona como um bate-papo online e já promoveu encontros com as formadoras do CEEL Telma Ferraz Leal, Carolina Perrusi e Sandra Ataíde, além da professora Ludmila Thomé da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também formadora do Centro de Estudos.
Internautas precisam efetuar cadastro, disponível no site do CEEL, para ingressar na sala. Quem já participou do primeiro encontro não precisa efetuar novo cadastro.
Criada há mais de um ano com o objetivo de ampliar os espaços de debate sobre ensino da língua portuguesa, a sala funciona como um bate-papo online e já promoveu encontros com as formadoras do CEEL Telma Ferraz Leal, Carolina Perrusi e Sandra Ataíde, além da professora Ludmila Thomé da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também formadora do Centro de Estudos.
Para participar, os internautas devem acessar o site do CEEL e preencher o cadastro, com nome e um e-mail válido. Depois de cadastrado, o participante recebe, em seu e-mail, loguin, senha e as informações necessárias para ingressar na sala.
Mais informações
www.ufpe.br/ceel
www.ufpe.br/ceel
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