26 de setembro de 2007

Notícia: Curso do Ceel termina com mais de 300 professores formados em Camaragibe

Por Karla Vidal

Cerca de 200 professores da Rede Municipal de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, assistiram terça-feira (25) ao Seminário de Encerramento dos cursos Apropriação do Sistema de Escrita Alfabética e Ortografia na Sala de Aula, promovidos pelo Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (Ceel/UFPE) em parceria com a Prefeitura Municipal de Camaragibe e com apoio do Ministério da Educação (MEC).

O encontro aconteceu no auditório do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (CE/UFPE) e contou com a participação do prefeito da cidade de Camaragibe, João Ribeiro Lemos, além da secretária de educação do município, a professora Rossana Albuquerque e a Chefe do Departamento de Ensino da secretaria de educação, professora Maria Isaílma Barros.

Na ocasião, os coordenadores do CEEL, Eliana Albuquerque e Artur Gomes de Morais, ministraram as palestras Alfabetização e Letramento e Alfabetização e o Ensino da Ortografia, respectivamente. Ao longo do dia, os professores atendidos pelos cursos estiveram reunidos em grupos para socialização das suas experiências. Ao final de cada turno, as professoras do CEEL, Telma Ferraz e Kátia Barreto, apresentaram diagnósticos da aplicação em sala de aula do que foi aprendido pelos professores durante os cursos. Os resultados tiveram como base amostragens colhidas em março e agosto deste ano nas salas de aula de escolas municipais de Camaragibe.

Os cursos Apropriação do Sistema de Escrita Alfabética e Ortografia na Sala de Aula tiveram início em abril de 2006 e formaram juntos 348 professores. Ao todo aconteceram 16 encontros na Escola Municipal Imaculada Conceição, em Camaragibe, atingindo uma carga horária de 100 horas-aulas.

Ministrados pelos formadores Djário Dias, Andréa Galvão, Carmi Ferraz, Eliana Albuquerque, Roseane Pereira, Kátia Barreto e Tânia Rios, os cursos tiveram o objetivo de refletir sobre as práticas pedagógicas de alfabetização, oferecendo subsídios para que os professores possam ajudar os estudantes no processo de apropriação do sistema de escrita alfabética e no aprendizado da norma ortográfica, compreendendo a ortografia como um objeto de reflexão e não somente como uma mera questão de repetição e memorização.

AVALIAÇÃO - A secretária de educação do Município de Camaragibe, Rossana Albuquerque, parabenizou os professores pelo término dos cursos e ressaltou a importância de ações que visam à garantia da qualidade da educação no município. Entre as ações, a secretária chamou atenção para os investimentos na valorização do profissional do magistério, garantindo a participação desses professores nos cursos de formação continuada.

"Com relação a estes cursos, tomamos como referência as expectativas dos professores, porque estas políticas de valorização são baseadas em consulta. Nós estamos escutando os professores para saber o que eles estão querendo. Os cursos do CEEL estavam entre uma das deliberações da Conferência da Educação (Conferência Municipal de Educação). Foram vocês que estavam presentes na Conferência em 2005 que decidiram que o CEEL fosse uma ação de política de formação continuada, e nós conseguimos atender a essa deliberação", garantiu Rossana em sua fala aos professores.

O prefeito João Ribeiro de Lemos avaliou de forma positiva a parceria com o Centro de Estudos, chamando a atenção para os benefícios desses projetos no sistema de educação de Camaragibe. Em sua fala, também ressaltou a importância do constante aprendizado e da valorização do conhecimento, especialmente para a profissão de professor.

Na ocasião, o prefeito foi bastante aplaudido ao anunciar para o mês de outubro o pagamento do Abono Educador Cultural e do Bônus da Bienal, que devem incrementar a renda dos professores agora no final do ano. O abono, estratégia já tomada por outras redes municipais de ensino, foi pago pela primeira vez no ano passado, é um salário mínimo a mais na renda do professor e funciona como incentivo a autoformação. O Bônus da Bienal é um auxílio financeiro, que vai ser pago pela primeira vez este ano, para ser utilizado durante a Bienal do Livro de Pernambuco.

Para Maria Isaílma Barros, Chefe do Departamento de Ensino da Secretaria de Educação de Camaragibe, os formadores do Ceel tiveram a oportunidade de conhecer a realidade dos professores e ajudar na intervenção dessa realidade. "A riqueza desse projeto está justamente no contato constante, o contato mensal com os professores. Não são mais aquelas formações esporádicas, estanques em que um semestre tem uma e no outro semestre tem outra", afirmou.

7 de setembro de 2007

Cordel: A educação tem solução

Cursistas: Lidiane Cristina, Ana Lúcia, Odete, Vanessa, Valdir, Cilene, Verônica e Silivia

(paródia da música Ana Maria, de Santana)

Estou feliz, estou feliz
Pelo curso oferecido
E agradeço
A professora e os colegas
Por estarem juntos,
Nessa bela caminhada
De educadores

Eu aprendi, eu aprendi
Com muita satisfação
E emoção
Que a leitura e a escrita
È importante pra todo cidadão
Dessa nação

Agora tenho informação
Pra ensinar com coração
Os alunos agradecem por ajudar
Na formação

A educação tem solução
Se todos juntos
Fizermos o trabalho
Com dedicação

Cordéis produzidos pelos professores cursistas durante Seminário de Encerramento da formação. Setembro de 2007 .

Formação Continuada no Município de Pombos/PE
Setembro 2007
Coordenação: Kátia Melo
Formadora: Carmi Ferraz

Cordel: Alfabetização em ação

Cursistas: Aureana, Fátima, Jeyza, Núbia, Silvânia Araújo e Silvânia Melo

Conheci a formadora
Que com satisfação
Apresentou-se encantadora
Com muita dedicação

Durante a formação
Adquirimos conhecimentos
Que iremos aplicar
Em nossos ensinamentos

Conheci os velhos métodos
De ensino tradicionais
Que ensinavam a todos
Prática de leitura e escrita ineficaz

O sistema de escrita alfabética
È de maneira notacional
Que conduz a prática
De forma excepcional

A teoria da psicogênese
Muito nos ensinou
Que acriança passa por hipóteses
Todas com muito valor

A reflexão fonológica
Contribuindo pra a alfabetização
Inovando nossa prática pedagógica
Que será posta em ação

Encerramos o encontro
Educando com grande bagagem
De conhecimento
Caminharemos alfabetizando
Com muito entendimento


Cordéis produzidos pelos professores cursistas durante Seminário de Encerramento da formação. Setembro de 2007 .

Formação Continuada no Município de Pombos/PE
Setembro 2007
Coordenação: Kátia Melo
Formadora: Carmi Ferraz

Cordel: Pra você e pra mim

Cursistas: Maria Márcia, Marquilane Soares, Cláudia Pereira e Alcione de Oliveira

Quando recebemos o convite
Para fazer a capacitação
Ficamos muito felizes
Por aprender sobre alfabetização

No nosso primeiro encontro
Foi de grande satisfação
Relembrando nosso tempo
De alfabetização

O sistema de notação tem
A função de representar algo real
A escrita representa as idéias
E a linguagem oral

Aprendemos também como
Analisar palavras com lógica
Incluindo nas atividades
A análise fonológica

Trabalhando em equipe
Elaborando várias aulas
Críamos estratégias
Vivenciando na sala de aula

A consciência fonológica
Não é pré- requisito para a alfabetização
Elas andam lado a lado
Contribuindo na construção

Fizemos vários trabalhos
Que para nós foram bons
Trabalhando análise grafofônica
Relacionando escrita e sons

Na aula sobre jogos
Aprendemos a criar
Novos jogos didáticos
Muito fáceis de brincar

Trabalhamos muitos textos
Sobre inferência, oralidade, apropriação
Pois a leitura é muito importante
No processo de alfabetização

Nosso grupo muito atento
Às explicações de Carmi
Que trouxe conhecimento
Pra você e pra mim

Cordéis produzidos pelos professores cursistas durante Seminário de Encerramento da formação. Setembro de 2007 .

Formação Continuada no Município de Pombos/PE
Setembro 2007
Coordenação: Kátia Melo
Formadora: Carmi Ferraz

Cordel: Educação em Boas mãos

Cursistas: Ma. dos Impossíveis, Edijane Freitas, Kátia Karina, Dirce Maria, Antônia Patrícia, Ana Furtado

Carmi é moça bonita
Formadora do CEEL
Chegou em Pombos com humildade
Mas mostrou capacidade
Com sua simplicidade
Desempenhou seu papel

A formação foi muito boa
Levou-nos a refletir
Sobre o sistema de escrita alfabética
Pra melhor progredir
Desenvolvendo habilidades
De ensinar, diagnosticar e interagir

Agora em sala de aula
Vamos tentar aplicar
Os conhecimentos adquiridos
E o ensino-aprendizagem melhorar
Par formar cidadãos
Capazes do mundo transformar

Todo dia comendo frango
E outros comendo galinha
Um dia pra variar
Comemos uma maminha
O lanche era a diversão
Pois nunca se repetia
Todo dia variado
Vou engordar “vixe maria”

À nossa secretária agradecemos
A oportunidade que tivemos
Do curso participar
Pense numa mulher porreta Pombense de natureza
Que quer ver a educação avançar.

Cordéis produzidos pelos professores cursistas durante Seminário de Encerramento da formação. Setembro de 2007 .

Formação Continuada no Município de Pombos/PE
Setembro 2007
Coordenação: Kátia Melo
Formadora: Carmi Ferraz

Cordel: Alfabetização

Cursistas: Vanessa, Ana Lúcia, Lidiane, Valdir, Lourdes, Cilene Alda, Odete e Verônica

Venho aqui com esses versos
Demonstrar a nossa enorme satisfação
Dia 15 de junho
Começou nossa capacitação

Aprendemos nesse curso
Muitas coisas pra valer
E com muita alegria
Vamos contar pra você

Nossa professora Carmi
Passava-nos informações
E com muito entusiasmo
Aprendemos sobre alfabetização

Destacamos nessa formação
A apropriação da escrita alfabética
Que diante dos estudos de caso
Foi compreendido de forma clara e completa

Entendemos o significado e o significante das coisas
Com os níveis que foram apresentados
Facilitando nosso trabalho

A partir dos trabalhos em grupo
Conseguimos nos envolver
Com a professora e os colegas pra junto aprender

A análise grafofônica
Nos fez entender
A importância do som e grafia
Que aprendemos pra valer

Com a participação de todos nós
Muitos conhecimentos foram construídos
Pra transmitir aos nossos alunos
O que foi aprendido

Aqui vamos terminando
Com muita emoção
Agradecemos a Carmi
De todo coração

Não podemos esquecer
De todos os professores
Que participaram desse curso
E são verdadeiros formadores

Cordéis produzidos pelos professores cursistas durante Seminário de Encerramento da formação. Setembro de 2007 .

Formação Continuada no Município de Pombos/PE
Setembro 2007
Coordenação: Kátia Melo
Formadora: Carmi Ferraz

4 de setembro de 2007

Entrevista: Gabriela Felippe Rodrigues (USP)

EDUCOMUNICAÇÃO
Setembro de 2007.

“A idéia é usar a comunicação como mediadora da educação”, afirma a jornalista e gestora da comunicação pela USP, Gabriela Fellipe Rodrigues. Segundo ela, o professor não faz isso apenas ao trazer as mensagens dos meios de comunicação para serem discutidas em sala de aula, mas sim, ao transformar o estudante em um agente da comunicação capaz de também ser um produtor de mensagem. “Algumas escolas, por exemplo, tem uma rádio, mas não aproveitam, às vezes tocam só música. Seria bom capacitar o estudante para a gestão da rádio-escolar e aí há todo um processo de integração que vai contribuir para a aprendizagem dos alunos e para o próprio desenvolvimento do professor”, afirma.

CEEL - O que é educomunicação?
Gabriela Felippe - É um campo de intervenção social, assim como é a comunicação, assim como é a educação, o Ismar Soares diz que a educomunicação já pode ser considerada um campo. Enxergar a educação à luz dos processos comunicativos seria uma função desse novo campo. A idéia é usar a comunicação como uma mediadora da educação. Você não vai simplesmente passar um filme para os alunos assistirem, você vai colocar o aluno também como um agente da comunicação que, além de assistir, discutir o filme, ele também pode produzir um filme. Todo o processo forma ecossistemas comunicativos. Você vai envolver todos os agentes da vida escolar, o aluno, o professor, o diretor, os pais dos alunos, a comunidade para que o fluxo de informação e comunicação corra em todos os sentidos. Porque na escola acontece uma comunicação unidirecional: o diretor fala pros professores, que falam para os alunos, não acontece o inverso. Então a educomunicação pede para que esse fluxo aconteça em rede para que as pessoas se expressem, melhorando a auto-estima, a capacidade de comunicação, de compreensão do mundo. Porque a partir do momento em que o aluno tem consciência do papel dos meios de comunicação, ele desenvolve consciência crítica e desenvolve um relacionamento com os professores, o que é muito importante para a educomunicação. A idéia é que todo mundo pode aprender com todo mundo, então, o aluno também vai ter voz. Tem que haver essa troca. E a educomunicação prega que isso seja uma política mesmo, faça parte do plano pedagógico. Tem que ser feita aos poucos, respeitando os limites e as especificidades de cada escola. Por exemplo, você vai fazer o planejamento do ano, você vai pensar tudo à luz da educomunicação, a aula de matemática, a aula de educação artísticas. Todas as aulas integradas e professor e aluno integrados. Algumas escolas, por exemplo, tem uma rádio, mas não aproveitam, às vezes tocam só música. Seria bom capacitar o estudante para a gestão da rádio-escolar e aí há todo um processo de integração que vai contribuir para a aprendizagem dos alunos e para o próprio desenvolvimento do professor.

CEEL - Ainda falta interesse da sociedade em aproveitar os recursos tecnológicos dos meios de comunicação para transformar a prática de ensino?
Gabriela Felippe - Não seria interesse, eu acho que falta informação mesmo. Ainda existe aquela visão de que os meios de comunicação são perversos, que eles vão deturpar os alunos. Isso é que tem que acabar. Os meios de comunicação não são concorrentes da escola, eles podem ser aliados, na verdade. O aluno gosta de ver telenovela? Tem tanta coisa boa numa telenovela, porque não trazer isso para o ambiente da escola? Aí eles mesmos vão selecionar o meio, vão escolher o que assistir.
Eu acho que falta fazer as pessoas compreenderem o real papel do meio de comunicação. Ele pode influenciar sim, mas a recepção é muito importante. É a recepção que tem que ser controlada. É importante formar, incentivar a reflexão para que a pessoa desenvolva mais a capacidade de entender o que é uma informação de qualidade.

CEEL - No contexto da política atual, o Governo Federal tem estimulado ações que visem a implementar as práticas educomunicativas no dia-a-dia do ensino?
Gabriela Felippe - Em âmbito federal, não sei te dizer sinceramente. Aconteceu uma experiência municipal, o idela da educomunicação transformada numa política pública para todas as 415 escolas municipais de São Paulo: o projeto EDUCOM.RÁDIO. Isso aconteceu durante uma gestão mas acabaou a gestão e terminou o projeto. Infelizmente é isso que acontece o governo sucessor não dá continuidade aos projetos. Mas começa timidamente, um projeto aqui, outro ali, a idéia é que se transforme numa rede.

Gabriela Felippe Rodrigues é mestranda em Ciências da Comunicação da ECA/USP, graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Unesp (2002) e especialista em Gestão da Comunicação pela USP (2006). Tem experiência em jornalismo impresso e online e desenvolve pesquisas na linha de Educomunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: comunicação, educação, mídia e tecnologias.
E-mail: gabijornal@yahoo.com.br

Por Karla Vidal
Assessoria de Comunicação - Ceel UFPE