26 de janeiro de 2011
Capacitação de profissionais alcança 2.625 instituições
A partir de 7 de fevereiro, ao longo de três semanas, o Inep receberá os representantes das instituições para as palestras de capacitação, que ocorrerão ao longo de um dia e serão comandadas pelos técnicos da autarquia. Os participantes serão divididos em 39 turmas.
A principal novidade a ser apresentada aos pesquisadores institucionais se refere à utilização do e-MEC, cadastro das instituições de ensino superior para fins de regulação, que passará a ser utilizado como base para coleta dos dados estatísticos a partir desta edição do censo. O e-MEC traz os dados cadastrais e as instituições lançarão os dados censitários. Desde a edição de 2009, a coleta de dados do Censo da Educação Superior tem no indivíduo sua menor unidade. Assim, são coletados os dados individuais de cada estudante e de cada professor.
Além do censo, o cadastro do e-MEC está sendo utilizado pelo Inep para estruturação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e para as avaliações de cursos e de instituições. Dessa forma, há um único cadastro que concentra os dados das instituições e fornece, para cada um dos programas desenvolvidos no âmbito do MEC, as informações necessárias àquele programa.
Assessoria de Imprensa do Inep
24 de janeiro de 2011
Professores indígenas recebem formação continuada
Cerca de 250 professores da etnia Fulni-ô de Águas Belas participam, de 25 a 27 deste mês, de um curso de formação profissional continuada. Nesse período, eles serão preparados para atuarem nas áreas de educação infantil, fundamental, ensino médio e gestores. A iniciativa é coordenada pela Unidade de Educação Escolar Indígena (UEEI), órgão da Gerência de Educação em Direitos Humanos (GEDH).
No encontro, que ocorrerá na Escola Marechal Rondom serão discutidas temáticas que abordarão identidade, interculturalidade, terra, história, organização, bilinguilismo, planejamento e avaliação escolar, além da proposta de trabalho.
Atualmente, a Secretaria de Educação mantém 126 escolas públicas indígenas, com 10.088 alunos distribuídos em 14 municípios de Pernambuco. Esses alunos são pertencentes a 12 etnias: Kambiwá, Kapinawá, Tuxá, Xukuru, Atikum, Pankará, Pankararu, Entre Serras, Pipipã, Fulni-ô, Truká e Atikum.
Tribo Kambiwá – Na última quarta-feira (19), a tribo Kambiwá deu início ao seu ano letivo com o Ritual do Praiá. A festividade cultural aconteceu no Pólo Nazário Kambiwá, em Buíque.
Fonte: SEDUC/PE
Programa Letrar busca alfabetizar 5 mil alunos em 2011
O esforço conjunto de inclusão terá início oficial na próxima sexta-feira, à 19h, na Câmara de Vereadores de Alagoinhas. Este ano, 250 monitores estarão reunindo turmas de 20 alunos em média nos pontos mais remotos do município, para atingir nesta primeira etapa 5 mil pessoas, que por diversas razões, como o trabalho precoce, se viram afastados das salas de aula.
No evento de abertura do Letrar, o professor David Mourrahy, especializado em Gestão Empresarial e Recursos Humanos, realizará palestra motivacional relativa ao desafio da Educação de Jovens e Adultos para a comunidade escolar. A abertura acontece na Câmara dos Vereadores, dia 21, sexta-feira, às 19 horas.
O secretário de Educação, Caio Castro, garante que o Letrar em Alagoinhas terá todo apoio da Prefeitura para erradicar essa herança negativa que impede as pessoas de interagirem com o ambiente externo, principalmente com outras pessoas e instituições, de maneira a ter práticas transformadoras em sua vida pessoal e comunitária.
O secretário afirma que o Letrar tem um propósito arrojado de ensinar os códigos da linguagem escrita, mas acima de tudo, criar um estímulo para uma transformação radical na vida dessas pessoas. O curso terá duração de seis meses e aulas com duas horas e meia de duração, de segunda-feira à quinta-feira.
“O analfabetismo gera exclusão, portanto estaremos inserindo pessoas no convívio com as demais na plenitude dos seus direitos e possibilidades. Com essa iniciativa queremos levar essas pessoas para o processo regular de aprendizagem, a exemplo dos mecanismos de aceleração como a Educação de Jovens e Adultos”, diz o secretário.
Segundo Castro, o programa vai instrumentalizar pessoas para ter uma participação mais ativa e satisfatória na sociedade. O fato dessas pessoas aprenderem a ler, para o secretario de Educação, significa a descoberta de um novo universo que muda a qualidade da relação que elas têm com o mundo, com as pessoas e principalmente consigo mesmas. O ato de aprender a ler não pode ser medido sob nenhum referencial econômico, disse Castro, mas proporciona ganhos qualitativos a toda sociedade.
A SEDUC prepara-se para realizar uma integração entre o programa Letrar e Pro-EJA, que além das disciplinas formais, oferece cursos de capacitação para os alunos. Em Alagoinhas, existem quatro turmas no PRO-EJA vinculadas ao Instituto Federal de Catu, com cursos de culinária e informática. Com a vinda gradual do Instituto para Alagoinhas, de acordo com a reitora Aurina Santana, o PRO-EJA poderá ser fortalecido no município permitindo essa vinculação com o Letrar, absorvendo ainda jovens que não concluíram os estudos no período adequado.
Nos próximos meses os 250 monitores estarão participando de um intenso programa de capacitação, que terá um caráter permanente, acompanhando toda a prática da alfabetização que pretende oferecer o que existe de mais atual em termos de letramento para jovens e adultos. A formação inicial, que começa a partir de 22 de fevereiro e segue até 21 de março, terá carga-horária de 40 horas e está a cargo da empresa licitada COMOEDUCARE.
A formação continuada tem início em 25 de março e se estende até 09 de setembro, com 48 horas de carga horária. Serão distribuídos módulos que tratarão de temas diversos como saúde da mulher, acuidade visual, linguagem e cidadania, pedagogia de projetos e agricultura familiar.
Fonte: Tribuna da Bahia
A escola como mobilizadora nacional
Ultimamente tem sido muito enfatizada a valorização do professor como forma de melhorar a educação brasileira. Isto é absolutamente correto. Sem educadores qualificados, motivados e com salários dignos é impossível uma educação de qualidade. Da mesma forma, há a necessidade de escolas equipadas com laboratórios, bibliotecas e recursos didático-pedagógicos.
Entretanto, mesmo com a solução de todas estas questões, ainda teríamos dificuldades de aprendizagem, já que os principais problemas se originam do lado de fora das instituições educacionais. Estas dificuldades da sociedade, aliás, permeiam a escola. E não poderia ser diferente, pois, nesse caso, ela seria uma redoma, algo artificial.
A escola precisa se ocupar das questões sociais que a atingem direta ou indiretamente. Tais problemas não têm sido tratados como questões concernentes à educação, quando, de fato, o são. É difícil ocorrer uma aprendizagem adequada com famílias desagregadas, pais com baixa ou nenhuma escolaridade e inexistência de ambientes favoráveis ao estudo. Portanto, os entraves cruciais da educação têm de ser enfrentados com políticas de emprego, salário, distribuição de renda, habitação, saneamento, transporte, etc.
Nosso país, a partir do governo Lula, vem enfrentando estas questões e adotando importantes iniciativas na área educacional, cujos resultados, a médio e longo prazo, acontecerão. Estes, contudo, demandam uma geração inteira para se fazerem sentir. Devem os educadores e a sociedade apenas aguardar as conseqüências destas iniciativas? Parece-nos que não.
Embora os indicadores apontem para avanços importantes a partir das políticas de inclusão, distribuição de renda e investimentos em educação, a herança secular deve ser enfrentada por políticas que envolvam a escola e sejam focadas no seu público alvo, ou seja, pais e alunos.
As escolas públicas, além da parte pedagógica, deveriam ter uma coordenação de políticas sociais, responsável pela articulação entre os membros da comunidade escolar e as políticas públicas de saúde, habitação, saneamento, etc. Também de medidas em andamento promovidas pelo governo, como melhoria da merenda escolar, turno inverso e transporte.
Isso passa diretamente pela estruturação dos serviços sociais dentro das instituições escolares, os quais devem englobar também ações de formação política, cultural, desportiva, bem como ações de extensão, de atenção e cuidado com a saúde dos educandos e educadores, além de encaminhamento dos educandos a oportunidades de inclusão sociolaboral.
A comunidade escolar deve ser vista como um todo. Por isso, as escolas devem compreender a educação dos pais de seus alunos como parte de suas tarefas, encaminhando-os para a alfabetização, escolarização e profissionalização. É necessário ter conhecimento da situação de cada família e tomar todas as medidas no sentido de prover soluções aos problemas socioeconômicos que impedem o educando de ter um bom desempenho.
A presidenta Dilma tem apontado o combate à miséria como sua prioridade. Desta forma, nenhuma instituição pública pode se omitir, especialmente a escola, do papel que desempenha nas comunidades. A perspectiva educacional deve ser transversal e permear todas as políticas públicas como espinha dorsal das ações do estado, transformando-o em um estado educador.
É necessário, ainda, resgatar a dimensão política do fazer docente, no convencimento de que estas tarefas são parte do ser educador e do exercício da cidadania. Recuperar e qualificar o debate político-pedagógico como base de uma educação de qualidade.
O debate político entre os educadores foi substituído pelo debate sindical, importante para a categoria, mas insuficiente para responder aos grandes desafios da educação. A escola é a instituição pública de maior capilaridade em todo o país e, portanto, a que tem melhores condições de articular uma grande mobilização nacional em defesa do conhecimento e da emancipação.
* Eliezer Pacheco é professor e Secretário de Educação Profissional do Ministério da Educação (MEC)
Fonte: O artigo foi publicado, originalmente, no jornal A Gazeta (MT) na última terça-feira, 19 de janeiro.
Programa Arca das Letras leva bibliotecas para comunidades rurais
Criado em 2003 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o programa Arca das Letras implanta bibliotecas para facilitar o acesso ao livro e à informação no meio rural brasileiro.
O Programa beneficia diariamente milhares de famílias do campo, formadas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades de pescadores, remanescentes de quilombos, indígenas e populações ribeirinhas.
As arcas são administradas por agentes de leitura, moradores escolhidos por indicação da comunidade para efetuar as atividades das bibliotecas. São eles que realizam o incentivo à leitura, o empréstimo dos livros, a ampliação dos acervos e a valorização da cultura local. Todo o trabalho dos agentes de leitura é voluntário.
Para incentivar e facilitar o acesso à leitura, as bibliotecas são instaladas na casa dos próprios agentes ou nas sedes de uso coletivo (associações comunitárias, pontos de cultura, igrejas), de acordo com a escolha da comunidade e disponibilidade dos agentes.
O acervo inicial de cada arca conta com cerca de 200 livros, selecionados para contribuir com o trabalho, a pesquisa e o lazer das populações que vivem no campo. Os exemplares são escolhidos de acordo com a indicação e demanda das famílias atendidas. Os acervos são formados por literatura infantil, para jovens e adultos, livros didáticos, técnicos, especializados e de referência ao exercício da cidadania.
Inscreva sua comunidade
Para receber uma biblioteca rural Arca das Letras é preciso reunir a comunidade, preencher o formulário de consulta que irá pontuar as características das famílias que serão beneficiadas e indicar os livros que vão atender a comunidade.
Para saber mais sobre esta iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário e acessar os documentos necessários para solicitar a Arca das Letras, clique aqui.
Fonte: Blog Educação (com informações do Ministério do Desenvolvimento Agrário)
Saiba o que é preciso para elaborar um Plano Municipal de Educação (PME)
O projeto de lei que cria o Plano Nacional de Educação (PNE), enviado pelo governo federal ao Congresso no final de 2010, prevê que os estados, os municípios e o Distrito Federal elaborem planos correspondentes para as suas unidades ou façam adequações nos planos que já existem.
Um mapa da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, construído com dados do Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação (Sicme), mostra, no entanto, que apenas parte dos municípios possui planos de educação. Das 5.565 prefeituras, somente 3.204 têm Planos Municipais de Educação (PME) já elaborados, o que corresponde a 57% das cidades.
O PME é importante pois estabelece diretrizes e metas para as políticas públicas da educação nas cidades. Por meio desse planejamento é possível otimizar recursos, prevenir desperdícios, e assim, contribuir para melhorar o acesso e a qualidade do ensino em cada localidade. Daí, inclusive, a necessidade de integrar os diversos setores da administração pública e da sociedade na discussão e elaboração desse importante documento.
Para ajudar os gestores nessa tarefa, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) preparou um roteiro com uma espécie de passo a passo para a elaboração de um Plano Municipal de Educação. O material traz desde considerações gerais e objetivos, até uma lista de itens a serem analisados durante o processo e orientações para a redação do anteprojeto. Para ler a íntegra do roteiro, clique aqui.
Confira abaixo um sumário das informações contidas no material:
Introdução
1. Considerações iniciais
1.1. Bases legais do Regime de Colaboração
1.2. Plano de Educação do Município
1.3. Demandas e recursos da rede municipal de ensino
2. Objetivos
2.1. Gerais
2.2. Específicos do Município
3. O processo de elaboração
3.1. Antecedentes de colaboração com o Estado
3.2. Convocação dos atores: comissão ou fórum
3.3. Estudo geográfico e demográfico do Município
3.4. Histórico do Município
3.5. História da educação escolar e da rede municipal de ensino
3.6. Demandas atuais de escolarização: minicenso ou amostragem
3.7. Levantamento dos recursos financeiros
3.8. Estudo das alternativas de atendimento escolar
3.9. Tomadas de decisão estratégicas comissão ou conferência
3.10. Descrição das metas, ações e prazos
3.11. Mecanismos de acompanhamento e avaliação
4. A redação do anteprojeto de lei
4.1. Roteiro de redação
4.2. Tramitação do anteprojeto na Câmara Municipal
Fonte: Blog Educação (com informações do MEC e da Undime)
18 de janeiro de 2011
Pelo direito de saber ler e escrever
Para a Revista Nova Escola
(via Educar para Crescer)
Garantir o acesso à escola e o fim da evasão é a chave contra o analfabetismo. Conheça as melhores soluções das cidades que estão vencendo essa batalha
Iniciativas inovadoras na Educação de Jovens e Adultos contribuem para a redução do número de analfabetos no Brasil
No Brasil, existem 14,2 milhões de pessoas que não são capazes de ler o rótulo de um produto no supermercado, identificar o destino num letreiro de ônibus ou assinar o próprio nome. Essa triste estatística mostra que, em pleno século 21, ainda não conseguimos erradicar o analfabetismo. Se os números mostram o quanto temos a evoluir, a boa notícia é que as soluções eficazes estão bem aqui, no nosso país. Dentre os 5.564 municípios brasileiros, um pequeno grupo se destaca. Uma parte ostenta índices de países desenvolvidos. A outra, reduções expressivas no total de iletrados.
O primeiro time reúne os municípios livres do analfabetismo, título concedido pelo Ministério da Educação (MEC) em 2007 àqueles em que a quantidade de habitantes sem instrução não ultrapassava 4%. Apenas 64 localidades compõem esse panteão, todas nas regiões Sul e Sudeste. Em grande medida, os índices de dar inveja têm uma explicação histórica - a luta dos imigrantes em não deixar ninguém sem escola. "O maior exemplo são as cidades de colonização alemã em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde já nas décadas de 1920 e 30 quase não havia analfabetos", escreve o pesquisador Lúcio Kreutz no livro Os Alemães no Sul do Brasil. Em cidades como as catarinenses Blumenau, Jaraguá do Sul e Pomerode, o foco atual recai na Educação Básica para manter os índices baixos, evitando a produção de novos analfabetos.
O segundo conjunto contempla os chamados municípios alfabetizadores, denominação do MEC para aqueles que reduziram pela metade o índice de iletrados entre 2000 e 2007. Centrando esforços na Educação de Jovens e Adultos (EJA), os dois grupos de cidades oferecem alternativas para vencer o problema. NOVA ESCOLA visitou 11 delas, registrou as melhores práticas e as reuniu numa lista de sete ações que podem inspirar a transformação em outras localidades.
Saiba mais:
- 6 ideias para manter jovens e adultos na classe
- Nunca é tarde para estudar!
- Qualidade custa caro
Num país com dimensões continentais como o Brasil, nem sempre é fácil chegar até quem precisa ser alfabetizado. E, mesmo nas áreas mais urbanizadas, onde o acesso aos iletrados é teoricamente mais fácil, a maioria das secretarias de Educação não dispõe de estatísticas confiáveis sobre quem são os analfabetos do município. O método mais tradicional - usar a divulgação na própria escola para atingir estudantes em potencial - nem sempre funciona. "As campanhas de alfabetização têm resultados insuficientes porque o cartaz não é a melhor forma de atrair os possíveis alunos. Visitá-los, conhecer a realidade em que vivem e conversar é a melhor forma de chamá-los para estudar", afirma Sonia Giubilei, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos (Gepeja), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em Curitiba, a ideia bem-sucedida foi aproveitar o cadastro da Fundação de Assistência Social (FAS) para identificar os moradores de rua que não sabiam ler e escrever. Em regiões mais inóspitas, como Silves, a 330 quilômetros de Manaus, a "caçada" exigiu viagens de barco pela região (leia o destaque na página 87). "Depois que fomos atrás dos alunos e formamos a primeira turma, que deu certo, a procura aumentou", conta o professor José André Viana.
2. Criar horário de aulas para atender todos os públicos
Na alfabetização de jovens e adultos, há diferentes perfis de alunos. Existem os aposentados com tempo livre, os adolescentes que trabalham durante todo o dia, profissionais que fazem bicos etc. Para que todos tenham a oportunidade de se alfabetizar, é fundamental levar em conta essas diferentes realidades. Oferecer diversos turnos é uma das maneiras de facilitar o acesso, pois é fundamental que os alunos consigam aliar as aulas ao seu dia a dia. No Centro Municipal de Educação do Trabalhador Paulo Freire (CMET Paulo Freire), em Porto Alegre, existem horários para todos os públicos (leia o destaque acima). Flexibilizar a duração das aulas também é outro incentivo para aqueles que têm uma rotina mais dura. Em Curitiba, as aulas nas turmas de EJA de 1ª a 4ª série para moradores de rua duram apenas duas horas. "Os alunos costumam ter baixa capacidade de concentração e, por isso, achamos mais conveniente estabelecer esse limite. As aulas também são à tarde, já que, à noite, muitos trabalham em bicos nas ruas, como guardadores de carros", conta a professora Elizabeth Meucci. Trabalhadores sazonais também merecem um esquema especial. "Nas zonas rurais, as pessoas estão condicionadas aos ciclos das safras. A escola deve se moldar a isso", afirma Márcia Oliveira, coordenadora da EJA do Instituto Paulo Freire. Em São João do Oeste, a 691 quilômetros de Florianópolis, de economia essencialmente agropecuária, 33% das aulas da alfabetização na EJA são presenciais e o restante é completado por meio de pesquisas e lições de casa. Há atividades pelo computador e tudo é corrigido pelo professor, que leva para casa as atividades e devolve tudo comentado. Segundo o Censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tem o menor índice de analfabetos do país: 0,91%.
3. Investir em formação inicial e continuada
É consenso entre os especialistas que a formação dos professores é o fator de maior impacto na qualidade do trabalho e no resultado positivo dos alunos. Entretanto, muitos programas de EJA apostaram no voluntariado despreparado para dar aulas, como se qualquer pessoa que soubesse ler e escrever fosse capaz de alfabetizar, o que está muito distante da verdade. Mesmo quando se trata de formação de docentes, há sérios problemas. O principal é que a formação inicial pouco aborda a EJA. Segundo pesquisa da Fundação Victor Civita (FVC), realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC), a etapa é abordada em apenas 1,5% do currículo. Por isso, o investimento em formação continuada é imprescindível. O ideal é que ele inclua uma rede de apoio dentro da própria escola, como ocorre em Salvador (leia o destaque à esquerda). Em Porto Alegre, além do investimento na formação continuada, investe-se também na valorização do professor da EJA. Na rede municipal, são 450 docentes com plano de carreira idêntico ao dos que lecionam na rede regular. O resultado disso é que os educadores acabam investindo mais na própria formação (95% deles têm pós-graduação). Para Vera Masagão Ribeiro, coordenadora da ONG Ação Educativa, na capital paulista, a política é acertada. "Muitos professores encaram a EJA como uma forma de bico. É preciso resolver essas questões estruturais para o segmento se profissionalizar."
4. Combater os altos índices de evasão na EJA
Na EJA, manter os alunos em sala envolve permitir que eles conciliem as aulas com o trabalho e os afazeres domésticos. Também é preciso lidar com o fato de muitos já terem estudado e parado, o que requer cuidados em dobro para que não desistam novamente.
Procurar saber o motivo das faltas ou do desânimo dos alunos é a saída em Itapiranga, a 350 quilômetros de Manaus. Por lá, faz parte da rotina dos professores a busca pelos alunos que se ausentam muito ou que ameaçam abandonar a escola. "Ninguém no município falta mais de três dias sem receber uma visita. Buscamos entender os motivos e, com base neles, pensamos com o estudante as alternativas para que ele possa recuperar o conteúdo perdido", afirma o secretário municipal de Educação, José Melquias Josebec Santos. O foco no aprendizado também faz parte do cardápio de Guajará, a 1.476 quilômetros de Manaus. Quando alguém falta, o professor vai até a casa passar as atividades do dia anterior. O cuidado fez com que a taxa de evasão na alfabetização de jovens e adultos do município tivesse a média de 7%, enquanto a nacional é de 32%.
5. Oferecer materiais didáticos específicos para a EJA
Ignorar o percurso de vida do adulto na hora de alfabetizá-lo é um dos equívocos mais recorrentes cometidos na EJA (conheça outros no quadro à direita). Os materiais didáticos e a metodologia de ensino precisam tratar daquilo que interessa ao aluno e faz parte do seu universo. Nesse aspecto, a novidade positiva é que a partir do ano que vem o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do MEC, disponibilizará obras voltadas à EJA. Para acompanhá-las, o ideal é que cada município produza seu próprio material, contemplando o contexto da região. Em São João do Oeste, a qualidade dos livros elaborados pela equipe da secretaria é um dos fatores que contribuem para o baixo índice de analfabetismo (leia o destaque acima). Em Guajará, há um trabalho de Matemática, com o ensino de noções do sistema numérico e de geometria, com atividades que envolvem dinheiro, reconhecimento de cédulas e cálculos de compra e venda de materiais manipulados no extrativismo e na pesca, atividades que fazem parte do dia a dia da maioria dos alunos.
6. Aumentar os recursos para a EJA
Para combater o analfabetismo, é necessário que tanto o Governo Federal como estados e municípios priorizem o investimento na EJA. A parceria entre prefeitura e União foi a estratégia do avanço em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, que reduziu o total de analfabetos em 31% entre 2001 e 2009. Em muitos municípios, porém, é preciso melhorar a infraestrutura da modalidade, com a criação de mais centros de alfabetização. Segundo Vera, o ideal é que a EJA tenha seus próprios espaços ou ocorra dentro de espaços de locais destinados a adultos, como universidades públicas e privadas, com murais, cantinas e horários adequados. "A EJA, no Brasil, ainda está à mercê dos horários de funcionamento das escolas da Educação Básica. Não se oferecem vários turnos justamente porque os horários já estão tomados pelo ensino regular. Além disso, é comum os adultos estudarem em salas com temáticas e materiais infantis dispostos nas paredes", enumera a especialista.
7. Trabalhar a inclusão para jovens e adultos
Assim como no ensino regular, para que os alunos com deficiência possam ser incluídos, é necessário que o professor saiba flexibilizar o currículo de acordo com o potencial de aprendizagem de cada um deles. O objetivo principal é envolvê-los efetivamente na aprendizagem, garantindo os recursos necessários para atender a suas necessidades, como ocorre em Niterói (leia o destaque acima). Integrá-los a trabalhos em grupo, estabelecendo um fluxo de colaboração e possibilitando que eles participem de acordo com sua capacidade, é um passo fundamental para um processo de inclusão eficiente. Em outros momentos, é necessário flexibilizar materiais ou o próprio planejamento. Como às vezes esses estudantes precisam faltar por causa de compromissos médicos, o docente necessita prever tempo para a recuperação de conteúdos.
Os erros mais comuns
- Usar livros e materiais infantis. É preciso envolver os adultos na alfabetização com temas que lhe dizem respeito, como o mercado de trabalho e questões da atualidade.
- Desconsiderar as razões de cada um para voltar à escola. Para alfabetizar um adulto, é necessário ouvi-lo. Por que ele quer aprender a ler e escrever? Para redigir cartas? Ou ainda para lê-las em segredo, sem a necessidade de compartilhar as notícias com vizinhos? Tudo isso deve ser considerado para que a aprendizagem ganhe sentido.
- Não respeitar o nível de cada um. Adultos têm perfis, idades e ritmos de aprendizagem variáveis. O ideal é o acompanhamento individual, sem fazer comparações com colegas.
14 de janeiro de 2011
Perfil do Professor e do Aluno no Ensino Superior
No ensino superior público, 75% dos docentes são doutores ou mestres; no particular, esse percentual chega a 55%. Os dados foram divulgados no Censo da Educação Superior de 2009, divulgados nesta quinta-feira (13). O país registra um total de 307.815 docentes, sendo 340.817 em exercício e 18.272 afastados.
Dentre os professores de universidades, faculdades, centros universitários e institutos federais a titulação está distribuída da seguinte forma:
Doutores: públicas (48%); particulares (14%);
Mestres: públicas (27%); particulares (41%);
Especialistas: públicas (14%); particulares (38%);
Graduados: públicas (11%); particulares (7%).
De 2008 para 2009, a quantidade de funções docentes cresceu 6%; a maior demanda por professores universitários foi a de doutores (16%). O professor padrão das instituições públicas é homem, tem 44 anos, é brasileiro, doutor e trabalha em regime integral. Já o docente de faculdade particular é mais jovem, com 34 anos, também homem e brasileiro, é mestre e trabalha em regime horista.
Regime de trabalho
Nas públicas, a maioria dos professores trabalham em tempo integral (78,9%); já nas particulares, a maioria é horista (53%) e só 21,5% está em regime integral. De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), do MEC (Ministério da Educação), é aconselhável que pelo menos um terço do corpo docente trabalha em tempo integral.
A legislação também prevê que pelo menos um terço dos docentes seja mestre ou doutor; os dois tipos de instituições contemplam essa diretriz.
Universitário brasileiro é mulher, tem 21 anos e faz bacharelado, diz Censo da Educação Superior
As alunas do sexo feminino são maioria dentre os estudantes matrículados no ensino superior, tanto na modalidade presencial (55,1%) quanto na de educação a distância (EAD) (69,2%). Os dados foram divulgados no Censo da Educação Superior de 2009, divulgado nesta quinta-feira (13). Dentre os alunos concluíntes, elas também são maioria: 58,8% em cursos presenciais e 76,2% em EAD.
No Censo de 2009, foi introduzido um novo conceito de aluno, como o sujeito vinculado à educação superior. Até 2008, o estudante era considerado somente a partir da matrícula, ou seja: um aluno que tinha mais de uma matrícula era contado mais de uma vez.
Em cursos presenciais, o padrão do estudante é mulher, com 21 anos. Essa aluna entrou na faculdade aos 19, por meio de vestibular, e irá se formar com idade média de 23 anos, numa faculdade particular, em um curso de bacharelado.
Licenciatura é preferência na EAD
Em cursos EAD, o aluno padrão também é mulher. Ela, no entanto, entra na graduação mais velha, com 28 anos, e irá se formar com 31. A forma de ingresso mais comum também é o vestibular numa instituição privada, mas o tipo de curso preferido é o de licenciatura.
O total de estudantes matriculados em 2009 foi de 5,9 milhões. Destes, 36.294 entraram em instituições públicas por algum tipo de cota. O tipo de ingresso por cota de escola pública ocorre com maior frequência (69%), seguido pelo de critério étnico (25%) e pelo de renda familiar (4%).
Errata: idades dos alunos no infográfico
Fonte: Uol Educação
A arte da improvisação
"Sabemos com segurança: quanto mais planejada a aula, mais os alunos aprendem. Pouquíssimos têm ou vocação ou tempo para inventar boas aulas."
Quem não admira um ator cujas improvisações fluem com espontaneidade? Ou um conferencista com ideias que borbulham ao sabor do momento e de sua inspiração? Assisti a uma conferência do Amyr Klink. No princípio, ele nem sabia bem o que iria dizer, mas, ao cabo de alguns minutos, as ideias magicamente se juntaram, compondo uma apresentação brilhante. Nossa cultura valoriza as artes da improvisação, seja no palco, seja nos repentistas do Nordeste, seja nas salas de aula. Genial é aquilo que brota da mente criativa, sem as peias do ensaio e da preparação exaustiva. Só que não é bem assim. A arte da improvisação é uma farsa. Os mais notáveis improvisadores são os que mais se preparam. Amyr Klink planeja detalhadamente as suas expedições e ensina isso a executivos. Será que a aparência de improvisação não seria parte da preparação e do charme?
Os cômicos e os repentistas improvisam sobre linhas que já praticaram. Como disse sua filha, para Fernanda Montenegro, "memorizar uma obra é um ato de loucura, uma luta bestial... é no cansaço e na repetição... que se atinge a tão cobiçada mestria". Marx levou dez anos burilando a forma literária de O Capital. Durante a guerra, De Gaulle falava pelo rádio para o povo francês. Poderia ler o discurso, quem iria saber? Mas não, era todo decorado, para parecer mais espontâneo. Há uma escola de pintura chinesa em que os quadros são pintados em poucos minutos. Mas, para isso, é preciso praticar por décadas a fio.
Na educação, é a mesma coisa. Richard Feynman, prêmio Nobel de Física, foi um dos homens mais versáteis e brilhantes do século XX. Em suas memórias, descreve o trabalho exaustivo requerido para preparar suas aulas e encontrar bons exemplos e exercícios. Para seu livro (Aula Nota 10), Doug Lemov observou metodicamente como agem os professores americanos mais eficazes do ensino básico. Concluiu que os mestres geniais preparam minuciosamente as suas aulas. Relatos de bons professores brasileiros mostram o mesmo. Esses exemplos contradizem uma seita pedagógica que prega um ensino cujas aulas são "criadas" pelos professores e vocifera contra os livros-texto, passo a passo, que escravizariam o mestre a um script pré-empacotado. O pior dos crimes são cursos que ensinam a usar os livros. Os inimigos prediletos dessa seita são os chamados "sistemas de ensino", operados pelos sinistros "apostiladores". Não obstante, pesquisas recentes indicam claramente que, nos municípios em que foram adotados tais sistemas, os alunos estão meio ano à frente dos que não os adotaram.
Pensemos bem, os comandantes de aviões Boeing fazem cursos para pilotar o Airbus (ou vice-versa) empregando os detalhadíssimos manuais da fábrica. Se pilotos experientes precisam aprender a manejar os novos equipamentos, por que os professores não teriam de aprender a usar os novos livros? Na verdade, sólida pesquisa mostra que os alunos aprendem mais quando os professores foram instruídos nas artes de utilizar os livros adotados. De duas uma, ou a improvisação é a crença em uma teoria pedagógica totalmente equivocada, ou é a desculpa esfarrapada dos malandros. Sabemos com segurança: quanto mais planejada a aula, mais os alunos aprendem. E, para bem planejar, nada como usar as melhores práticas, acumuladas ao longo dos anos. Pouquíssimos têm ou vocação ou tempo para inventar boas aulas.
Vendo a questão de outro ângulo, a partir da Revolução Industrial, todo o processo produtivo se baseia na divisão de trabalho, para que cada etapa seja feita por quem melhor dominou as suas artes. No caso da educação, alguns são melhores para buscar as maneiras mais eficazes de ensinar, seja regra de três, concordância ou circuitos elétricos. Alguém saberá fazer as melhores ilustrações ou PowerPoints. Sendo difícil preparar provas que puxem pelo intelecto, e não pela decoreba, esse é trabalho para profissionais de testes. Ao contrário do que se pensa, tudo isso pode ser feito por outrem, sem engessar o ensino. Nesse caso, o que mediocriza o ensino são as perguntas improvisadas, que acabam por requerer apenas dotes de memória. Perguntas e exercícios bem concebidos, pelo contrário, podem dar asas à imaginação.
Em suma, quanto melhores e mais detalhados os materiais disponíveis, mais o professor pode se preparar para o momento da aula, ajudando a afastar o Brasil de um ensino catastrófico. E, no fundo, a aula é o elo mais nobre e crítico do processo de ensino.
Claudio de Moura Castro é economista.
11 de janeiro de 2011
Educação audiovisual estimula pensamento científico
por Sandra O. Monteiro
Da Agência USP
A educação audiovisual pode ser um diferencial na educação brasileira, principalmente nas periferias. De acordo com um estudo realizado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, os alunos são livres para gravar e mudar parâmetros como luz, foco ou distâncias, depois analisam e comparam os resultados.
“É um estímulo ao pensamento científico. Aos poucos surge um pensamento crítico-analítico em que cada conceito na linguagem audiovisual é formado ou reformulado por meio de uma compreensão natural”, conta a cineasta Moira Toledo, autora da tese de doutorado Educação Audiovisual Popular no Brasil: Panorama, 1990-2009, defendida em 2010.
Segundo o estudo, 80% das entidades que desenvolvem projetos de Educação Audiovisual Popular (EAP) o fazem sob a ótica de uma educação democrática e libertária.
A Educação Audiovisual Popular (EAP) é a atividade educativa gratuita, promovida por uma entidade ou agremiação informal de pessoas, voltada, entre outros objetivos, ao ensino dos meios de realização audiovisual especialmente para cinema. O público-alvo destas atividades são jovens moradores de bairros urbanos localizados em bolsões de pobreza, ou grupos socialmente marginalizados, tais como comunidades indígenas e quilombolas, portadores de necessidades especiais, frequentadores de Centros Psicossociais (CAPS e CAPS/AD), dentre outros.
Neste contexto, educadores constroem o que a cineasta denomina – em consonância com Dagmar Garroux (Da Casa do Zezinho) - “pedagoDia”, que se traduz em um método “sem método”, construído cotidianamente, num processo de aperfeiçoamento das práticas pedagógicas a partir de experiências vivenciadas a cada dia.
Metodologia e pesquisa
Para realizar a pesquisa, Moira estudou entidades que tinham como foco central o audiovisual; o desenvolvimento prático e experimental de metodologia original; características artísticas, e entidades de formação de jovens autônomos e empreendedores neste campo.
As entidades foram mapeadas inicialmente durante o processo de construção do banco de dados da seção KinoOikos Formação do Olhar do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, organizado pela Associação Cultural Kinoforum. Na parte não presencial da pesquisa, foram realizados quatro questionários. O primeiro questionário mapeou as entidades e delimitou dados como localização, perfil, contato e público da entidade; os outros três questionários tiveram como objetivo diversificar os pontos de vista sobre as entidades e projetos levantados a partir da percepção de coordenadores, educadores, alunos e ex-alunos.Todos os questionários foram preenchidos por um profissional designado livremente por cada entidade.
A segunda parte da pesquisa, realizada presencialmente e registrada em vídeo, consta de 21 entrevistas, com 30 diferentes profissionais e alunos, escolhidos por meio de diálogos com os representantes das entidades nas cidades de Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, entre fevereiro e agosto de 2009. A escolha das entidades considerou o compromisso central, efetivo e contínuo com a Educação Audiovisual Popular; o desenvolvimento intuitivo ou sistematizado de uma metodologia original de ensino audiovisual popular; a qualidade artística dos vídeos, atestada pela participação em festivais e exibições públicas; a notória qualidade na formação de jovens autônomos e empreendedores.
Houve ainda, duas entrevistas coletivas com grupos de alunos (no Cinema Nosso, no Rio de Janeiro) e de educadores (na Oficina de Imagens, em Belo Horizonte).
Educação libertária e democrática
Pedagogicamente, Moira pôde perceber que em alguma medida “desaparece o professor – enquanto autoridade distanciada do aluno – para surgir um professor acessível que valoriza tanto a participação quanto o desenvolvimento de responsabilidade e autonomia do aluno”.
Não existe a padronização de educadores e coordenadores dos projetos. Segundo a pesquisa, foram detectados “cineastas, comunicadores, artistas plásticos, professores de escolas públicas, psicólogos, antropólogos, pedagogos, assistentes sociais, fotógrafos, arquitetos, publicitários, dentre outros”.
Moira ressalta que “esta diversidade e o envolvimento dos próprios alunos gera uma convivência rica em diálogos e críticas, e os alunos são impelidos a lidar com seus sentimentos, talentos e defeitos, além de serem obrigados a aprender na prática que a crítica se destina ao trabalho e não à pessoa”.
A pesquisa ainda destaca forte predominância de autores e métodos ligados à herança das educações democrática e libertária, sendo o educador Paulo Freire um dos autores mais citados. Segundo a pesquisadora, “nota-se que Freire surge com diferentes profundidades de diálogo com o cotidiano de cada projeto, estimulando a participação, a curiosidade e a pesquisa na formação de projetos pedagógicos que valorizam o papel do educador e oferecem contribuições interessantes, viáveis e alternativas aos métodos atuais empregados nas escolas formais.
Produções no Brasil
De acordo com o estudo existem 113 entidades no Brasil que desenvolvem projetos audiovisuais; 76,5% na região sudeste e 33,5% nas demais regiões . Nos últimos vinte anos, foram realizadas ao menos 3300 produções audiovisuais de curta e média-metragem a maior parte, por jovens da periferia.
Ainda segundo a cineasta, “o Brasil é uma liderança na produção de tecnologias de educação para as mídias (internacionalmente mais conhecida como Media Literacy), porém necessita do surgimento de políticas públicas de incentivo que, aliadas às iniciativas do terceiro setor, possam fomentar projetos que dêem conta dos eixos centrais dos projetos vinculados à EAP: a gestão (compartilhada por professores e alunos), o espaço (ambientes agradáveis que estimulem a convivência), a adesão (alimentação durante o período do curso, auxílio-transporte e bolsa de estudos) e a interação (liberdade de atuação e estímulo à experimentação pedagógica, exploração)”.
Certificados
O Seminário de Pesquisas aconteceu em 2010, durante os dias 16 e 17 de novembro, no Centro de Educação e no Centro de Artes e Comunicação da Universidade e apresentou à comunidade acadêmica os resultado das pesquisas desenvolvidas pelo Centro de Estudos em Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (Ceel/Ufpe).
Mais Informações
81 2126.8921
6 de janeiro de 2011
Acesso à educação
A educação é também um dever da família e do Estado. Em muitas regiões do Brasil, as crianças trabalham para ajudar no sustento da casa e, por isso, não recebem incentivo familiar para se dedicarem à escola. Todas as crianças têm direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, que deve garantir o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, o respeito à liberdade e o apreço à tolerância.
Para elevar o nível de escolaridade da população, melhorar a qualidade do ensino em todos os níveis, reduzir as desigualdades sociais e regionais em relação à educação pública e democratizar a gestão do ensino público, o Brasil adotou, em janeiro de 2001, o Plano Nacional de Educação (PNE). O PNE também promove a campanha Mobilização Social pela Educação, para que os diversos segmentos sociais busquem o sucesso e a permanência do aluno na escola.
A União tem o dever de organizar o sistema federal de ensino. Quando esse serviço é ausente ou prestado de forma deficiente, o cidadão ou um grupo de indivíduos podem exigi-lo. Para isso, um dos instrumentos é a Defensoria Pública da União (DPU), que poderá promover ações judiciais ou intermediar acordos com a própria União para garantir o acesso à educação a quem necessite. No site da Defensoria Pública da União é possível encontrar o endereço da instituição em cada estado brasileiro e no Distrito Federal.
Saiba mais sobre o sistema educacional do país no Portal Brasil.
Fonte: Portal Brasil
5 de janeiro de 2011
Inscrições e seleção de obras de literatura começam dia 10
Será aberto na próxima segunda-feira, dia 10, o processo de inscrição e avaliação de livros de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). As obras serão destinadas a instituições públicas que ofereçam os anos iniciais do ensino fundamental, educação infantil e educação de jovens e adultos.
A etapa de cadastramento de editores e de pré-inscrição das obras vai até o dia 23; a inscrição e a entrega das obras e da documentação, de 31 de janeiro a 4 de fevereiro. Cada obra deve ser inscrita em apenas uma das quatro categorias previstas em edital — categoria 1, instituições de educação infantil, etapa creche; categoria 2, instituições de educação infantil, etapa pré-escola; categoria 3, instituições que atendam alunos dos anos iniciais do ensino fundamental; categoria 4, instituições que atendam alunos da educação de jovens e adultos, etapas ensino fundamental e médio.
Os gêneros literários abrangem poema, conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular, romance, memória, diário, biografia, relatos de experiências, obras clássicas da literatura universal, livros de imagens e de histórias em quadrinhos. Nas antologias, o prefácio deve apresentar critérios que justifiquem a organização da obra.
Serão aceitos livros que não tenham sido adquiridos em edições anteriores do PNBE, mesmo que os direitos autorais pertençam a outro editor ou que o projeto gráfico-editorial seja diferente. Na edição deste ano do programa, além dos impressos, serão aceitas inscrições de livros em formatos especiais para estudantes com deficiência. As obras terão caracteres ampliados, áudio e CD ou DVD na linguagem brasileira de sinais (Libras). Todas as obras estarão atualizadas com base no recente acordo ortográfico da língua portuguesa.
Os livros também estarão disponíveis em formato digital na página eletrônica do Ministério da Educação. O software desse formato baseia-se no padrão internacional daisy-digital accessible information system, que permite reprodução audível com uso de gravação ou síntese de fala, navegação pelo texto, reprodução sincronizada dos textos selecionados, ampliação de caracteres e conversão para o método braile. Os livros para alunos da educação infantil serão produzidos em material atóxico para crianças até três anos.
A convocação foi publicada no Diário Oficial da União de 22 de dezembro de 2010, seção 3, página 76.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do FNDE
3 de janeiro de 2011
Todos pela Educação compara notas do Pisa e mostra que país avança devagar
RIO, FLORIANÓPOLIS e SÃO LUÍS. Recém-divulgado, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), que analisa o desempenho de estudantes de 15 anos, mostrou que o ensino no Brasil avançou: o país teve a terceira maior evolução nas médias de 65 nações. No entanto, ao comparar os dados de 2006 com os de 2009, um estudo do Todos pela Educação aponta que dos 27 estados, incluindo o Distrito Federal, apenas São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amapá, Pernambuco e Maranhão conseguiram média acima da obtida pelo Brasil, nas disciplinas analisadas pelo Pisa: leitura, matemática e ciências.
"O Rio estagnou em duas disciplinas e ainda perdeu pontos em leitura. O desinteresse no magistério contribui para esse resultado"
Ao todo, onze estados tiveram queda em relação a 2006 em uma ou mais disciplinas. A pior média é a de Sergipe, que apresentou queda nas três áreas - perdeu 29 pontos em leitura, 26 em matemática e 24 em ciências.
- Em 2006, Sergipe tinha índices melhores que São Paulo, e agora está como São Paulo em 2006. As mudanças nesse estado e alguns outros resultados nos levam a crer que é mais fácil melhorar em áreas onde as médias eram as piores. Nas regiões onde já eram razoáveis, dar um salto é muito mais complicado - diz Mozart Neves Ramos, presidente do Todos pela Educação.
Maranhão é o estado que mais avançou no Brasil
Na Região Sudeste, o Rio de Janeiro foi o único estado a perder pontos no Pisa quando se compara os anos de 2006 e 2009, e apresentou também a menor evolução na região. Foram sete pontos perdidos em leitura, e apenas dois ganhos em matemática e um em ciências.
- O Rio estagnou em duas disciplinas e ainda perdeu pontos em leitura. O desinteresse no magistério contribui para esse resultado. Professores deviam ser os melhores alunos, os mais talentosos, mas não é que acontece. Os baixos salários não atraem - diz Mozart Neves Ramos, lembrando que o estado ainda lida com os reflexos da aprovação automática:
- Os resultados da Prova Brasil já mostram que, mesmo sendo aprovados, os alunos não aprendiam. Os índices do Pisa não nos surpreendem.
Coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), Beatriz Lugão lembra que o Rio já chegou a ter um déficit de 30 mil professores, e que em média 20 deixam o estado diariamente:
- Isso prejudica a qualidade de ensino. Alunos chegam ao 3 do ensino médio com sérias deficiências, que impedem muitos de irem para a universidade. E, muitas vezes, fazem com o que aquele que conseguiu tenha que desistir do curso por não ter como acompanhar as aulas.
Sobre o Rio ter perdido pontos em leitura, Beatriz diz que essa deficiência na interpretação dos textos pode prejudicar todas as outras disciplinas:
- Se o aluno não tem o domínio da língua, as dificuldades são maiores. É preocupante o resultado.
Pior estado do país em 2006, o Maranhão conseguiu se tornar o que mais avançou em 2009. Na comparação do Todos pela Educação, ganhou 91 pontos em leitura, 71 em matemática e 45 em ciências.
- É um salto tão grande, que a gente tem que analisar mais detalhadamente. Mas reafirma o fato de que é mais fácil crescer quando a situação é pior - diz Mozart.
Com vinte anos de trabalhos prestados para a Secretaria de Educação do estado, a professora Leuzinete Pereira da Silva, Superintendente de Educação Básica do Maranhão, acredita que a melhora se deu por conta do comprometimento dos professores, e da boa formação de quem está em sala de aula:
- Todos os nossos professores têm graduação, e um expressivo número tem pós. Mas contribuíram também a formação continuada e as aulas de reforço para os alunos.
Aluna da rede estadual, Gabrielle Mendonça, de 16 anos, representou o Maranhão num concurso de redação do Senado. Para ela, as atividades fora da sala são fundamentais.
- As rodas de leitura que minha escola promove motivam os alunos - diz Gabrielle, que estuda na Paulo Freire.
Com as melhores médias dos 26 estados em 2009, não considerando o DF, Santa Catarina, na comparação com 2006, perdeu um ponto em matemática. Mas a queda não preocupa o governo. É o que afirma o diretor de Educação Básica da Secretaria de Educação, Antônio Pazeto:
- A classificação do estado demonstra um bom desempenho, embora reconhecemos que exista muito por fazer.
Coordenadora estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte), Alvete Bedin é mais crítica, e diz que o desempenho reflete a falta de aprimoramento no método de ensino nas escolas.
- A maioria das escolas não tem estrutura adequada, e o professor tem apenas um quadro negro, como há três décadas. O jovem não encontra atrativos.
Estudante da 7ª série do ensino fundamental, André dos Santos, de 15 anos, ficou em recuperação em matemática.
- O professor explica uma vez no quadro, se aprendeu, aprendeu. Caso contrário, fica sem saber - diz ele, que acredita que seria mais fácil se pudesse usar computador em sala.
De acordo com Mozart, para que os índices melhorem é preciso investir mais em educação, mas, segundo ele, a presidente eleita, Dilma Rousseff, terá como principal desafio fazer uma "revolução no magistério":
- Ou fazemos um pacto nacional para que isso aconteça ou vamos estagnar. Para melhorar a educação, só investir dinheiro não basta.
Fonte: Carolina Benevides, Francisco Júnior* e Juraci Perboni* Especial para O GLOBO
Governo Lula termina com fortalecimento de cultura da avaliação na educação
RIO - Oito anos depois, o governo Lula deixará como um dos principais legados na educação o crescimento de uma cultura da avaliação. A Prova Brasil, aplicada para estudantes do 1º ao 9º ano e também no ensino médio, e a substituição do Provão pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) deixaram mais claro o quanto ainda é preciso fazer na área.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2005 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), inovou ao juntar na mesma conta o desempenho dos estudantes e as taxas de aprovação. A ideia era ter um indicador que pudesse funcionar como um termômetro da qualidade do ensino público brasileiro.
O Ideb atribui uma nota de 0 a 10 para cada escola, município e estado. Mas o caminho ainda é longo: a meta nacional em 2021 para o primeiro segmento do ensino fundamental é 6, mas o resultado em 2009 foi de apenas 4,6, um crescimento de 0,8 frente a 2005. Já o rendimento de alunos do 6º ao 9º ano em 2009 atingiu a nota 4, contra 3,5 em 2005 . Até 2021, a meta é chegar a 5,5.
Para o ex-presidente do Inep e responsável pela criação do índice, Reynaldo Fernandes, o principal mérito do indicador foi conseguir estabelecer um sistema de metas de evolução para cada uma das escolas brasileiras, a partir do patamar em que elas se encontram.
- Além da expansão das avaliações, o sistema de metas está comprometendo as redes com os bons resultados. Esse é o grande ganho que tivemos - aponta.
O retrato mais claro da situação da educação no Brasil e a publicidade dada a esses dados gerou uma resistência forte em setores da academia e entre os profissionais da educação. Fernandes, entretanto, considera as críticas "naturais" e considera o caminho das avaliações sem volta, apesar de reconhecer a necessidade de melhorias.
O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado recentemente ela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cita o Ideb como uma das razões para a melhoria da proficiência dos alunos. A própria participação do Brasil no Pisa, iniciada em 2000 ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, é apontada pelo ex-presidente do Inep como importante, mesmo com o país ocupando os piores lugares no ranking .
- O Pisa foi importante para sabermos onde estávamos e aonde queríamos chegar. O país precisa ter um parâmetro externo. Nós sabíamos que o Brasil tinha atrasos, que ficaríamos nos últimos lugares e que as pessoas iriam reclamar. Mas é fundamental continuar participando - afirma.
O futuro Plano Nacional de Educação (PNE), cuja tramitação no Congresso Nacional começa em 2011, já indica a criação de novos exames e indicadores. Entre eles, uma prova para aferir a alfabetização das crianças até os 8 anos de idade e a inclusão de ciências na Prova Brasil - hoje os estudantes são avaliados apenas em português e matemática.
Fonte: O Globo
Quando o e-book deixou de assustar
Vendas cresceram ao longo do ano nos EUA e, no BRASIL, editoras criaram uma distribuidora para conteúdo digital
Foi o ano do livro digital. Ao menos, na teoria – estatísticas divulgadas em novembro apontaram que apenas 7% dos adultos acostumados a utilizar a internet no mundo leram um livro digital. Mesmo assim, o mercado de venda dos chamados e-books deve fechar em US$ 966 milhões neste fim de ano. Até 2015, serão US$ 3 bilhões em vendas por ano.
“Há menos condenação e desalento agora”, atestou Peter Ginna, diretor da Bloomsbury Press, braço americano da britânica Bloomsbury. “A maioria dos editores teve grandes ganhos com livros eletrônicos neste ano, em detrimento de uma ligeira queda na venda das obras em papel.”
Os números foram realmente animadores. Em julho, a Amazon.com, uma das maiores livrarias virtuais do mundo, garantiu que já vendia mais livros digitais que em papel. Segundo dados da empresa, no segundo trimestre de 2010, para cada 100 livros impressos, a livraria vendeu 143 livros digitais. O auge aconteceu em junho, quando foram vendidos 180 obras digitais para cada 100 impressos. A euforia, no entanto, é localizada, pois as cifras se referem ao mercado americano.
No Brasil, as editoras adotaram a cautela, preferindo descobrir primeiro o rumo do vento para então içar velas. Em junho, seis delas (Objetiva, Record, Sextante, Intrínseca, Rocco e Planeta) se uniram para criar a Distribuidora de Livros Digitais (DLD), uma empresa de fornecimento de conteúdo específico para e-readers, com previsão de faturamento de até R$ 12 milhões até o final de 2011.
As negociações começaram no final de 2009 e a DLD só surgiu depois de o grupo avaliar os tropeços sofridos pelas colegas americanas, especialmente com pirataria (as brasileiras utilizam tecnologia adequada) e restrições comerciais (nos EUA, as editoras bateram de frente com imposições da Amazon que domina o mercado).
Os cuidados se estenderam também ao preço, estimado em 30% menor em relação à edição em papel. Mesmo assim, os sócios da DLD – hoje sem a Intrínseca, que preferiu deixar a distribuidora – apostam em retornos modestos nos primeiros anos. Afinal, uma pesquisa divulgada durante a Bienal do Livro em São Paulo, em agosto, mostrou que 67% dos entrevistados não conheciam o e-book. “O livro impresso faz parte da nossa cultura e, por isso, continuará existindo”, disse Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira do Livro, que organizou um seminário sobre o livro eletrônico, no início do ano, com presença do diretor da Feira de Frankfurt, Jurgen Boos. O evento foi o ponto de partida para oficializar a condição do Brasil como convidado da feira de 2013, quando escritores do País estarão na grande vitrine mundial.
Para isso, o Ministério da Cultura destinou, em outubro, a verba de R$ 365 mil para a criação de um fundo de tradução. “Com exceção de clássicos, como Jorge Amado, e de best-sellers, como Paulo Coelho, a literatura do Brasil é praticamente desconhecida na Alemanha”, atestou Boos.
Fonte: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, em 27/12/2010 via Ministério da Cultura