RIO - Oito anos depois, o governo Lula deixará como um dos principais legados na educação o crescimento de uma cultura da avaliação. A Prova Brasil, aplicada para estudantes do 1º ao 9º ano e também no ensino médio, e a substituição do Provão pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) deixaram mais claro o quanto ainda é preciso fazer na área.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2005 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), inovou ao juntar na mesma conta o desempenho dos estudantes e as taxas de aprovação. A ideia era ter um indicador que pudesse funcionar como um termômetro da qualidade do ensino público brasileiro.
O Ideb atribui uma nota de 0 a 10 para cada escola, município e estado. Mas o caminho ainda é longo: a meta nacional em 2021 para o primeiro segmento do ensino fundamental é 6, mas o resultado em 2009 foi de apenas 4,6, um crescimento de 0,8 frente a 2005. Já o rendimento de alunos do 6º ao 9º ano em 2009 atingiu a nota 4, contra 3,5 em 2005 . Até 2021, a meta é chegar a 5,5.
Para o ex-presidente do Inep e responsável pela criação do índice, Reynaldo Fernandes, o principal mérito do indicador foi conseguir estabelecer um sistema de metas de evolução para cada uma das escolas brasileiras, a partir do patamar em que elas se encontram.
- Além da expansão das avaliações, o sistema de metas está comprometendo as redes com os bons resultados. Esse é o grande ganho que tivemos - aponta.
O retrato mais claro da situação da educação no Brasil e a publicidade dada a esses dados gerou uma resistência forte em setores da academia e entre os profissionais da educação. Fernandes, entretanto, considera as críticas "naturais" e considera o caminho das avaliações sem volta, apesar de reconhecer a necessidade de melhorias.
O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado recentemente ela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cita o Ideb como uma das razões para a melhoria da proficiência dos alunos. A própria participação do Brasil no Pisa, iniciada em 2000 ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, é apontada pelo ex-presidente do Inep como importante, mesmo com o país ocupando os piores lugares no ranking .
- O Pisa foi importante para sabermos onde estávamos e aonde queríamos chegar. O país precisa ter um parâmetro externo. Nós sabíamos que o Brasil tinha atrasos, que ficaríamos nos últimos lugares e que as pessoas iriam reclamar. Mas é fundamental continuar participando - afirma.
O futuro Plano Nacional de Educação (PNE), cuja tramitação no Congresso Nacional começa em 2011, já indica a criação de novos exames e indicadores. Entre eles, uma prova para aferir a alfabetização das crianças até os 8 anos de idade e a inclusão de ciências na Prova Brasil - hoje os estudantes são avaliados apenas em português e matemática.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário